João Pessoa, 16 de dezembro de 2025 | --ºC / --ºC
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O que meu pai diria ao ver suas fotos em preto e branco coloridas, pela astucia da Inteligência Artificial. Será que ele já regressou ao mundo, como dizem os espíritas. Meu pai era o homem da minha vida, mulato bonito, de olho azul.
O que meu pai diria sobre meu filho Vitor, que acaba de se formar em Psicologia, um homem feito com suas pegadas inteligentes. Com certeza teria adorado seu último neto.
O que meu pai diria ao me ver já velho, o filho mais novo, com 65 anos, o jornalista que ele aplaudia no seu aroma de bibliotecas de outrora. Certamente Seu Vicente não gostaria de ter morrido, teria ficado para semente, como dizia minha mãe
No domingo pela manhã fui ver minha amiga Linda Faria pela última vez, aliás, uma pessoa morta, não aparece nem se parece com ela mesma compilada pelos nomes das palavras a não pronunciar.
Eu não fui feito para habitar a morada deste mundo por muito tempo. Não aguentaria dia após dia, como um cego tateando a felicidade. Claro que não.
Sou um assassino instigado pela memória de um amor que se quis mais forte e a solidão tomou partido. Mas já nem chove, né?
Eu sou um fantasma e às vezes perco a razão, choro por trás da coxia. Sou um ator sem tela.
Visitei a escritora Angela Bezerra no sábado, e eu só queria dizer do amor que tenho por ela no só dizer da infância, duma forma exageradamente silenciosa.
Aqueles que perto de mim têm viajado pela mitologia contam-me do divino e maravilhoso, como quem ama Pátroclo ajoelhado perante o seu amado Aquiles ou o Adriano, o amor desejado de Marguerite Yourcenar.
Às vezes converso com as estátuas sobre figuras que não existem – morreram vivas.
A figura do meu pai em mim, faz lembrar um amor-deus despertando o mais belo sonho, sonho meu, vai buscar quem mora longe, sonho meu.
Kapetadas
1 – Por que quem não faz p* nenhuma se incomoda tanto com quem faz alguma coisa? A resposta está na pergunta.
2 – Quer em ordem alfabética?
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em João Pessoa - 15/12/2025





