João Pessoa, 01 de novembro de 2025 | --ºC / --ºC
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Já estava vindo pra casa, andando pela avenida Rodrigues de Aquino, até chegar na João Machado, onde estaciono meu C3, porque ando fugindo da Zona Azul – ainda na calçada lateral do Tribunal, sou abordado por Fernando. Nesse momento achei que eu já tinha morrido.
O cara com a cara da felicidade, com a vida feita e a sensação de tantos poemas de Drummond na minha cabeça, achei que ele era o Leiteiro, que o seu falar simples, a sua propensão, ficou mil vezes capturada, correspondida, cerceada pelas circunstâncias dessa história que começa com uma imagem congelada.
Amizade – antes tarde do que nunca.
O Fernando não se ficou como muitos, marchando, isca para diálogos bobos, gente com quem preservamos a amizade e o respeito, e nos afronta dizendo que somos mentirosos e que estamos a enganar os outros. Te dana!
A interioridade de uma amizade jamais pode ser trágica, incompreendida nas mansardas ou trapeiras que nos permite olhar da janela ou esperar no portão com o cachorro sorrindo latindo, para não dizer que não falei das flores da F. A nota de Fernando é dez, sem cenas ingênuas ou voluntaristas.
No fundo, e deslocando-se entre exercícios sensíveis, ora aproveitando um momento comigo, sem saber quem eu era e eu sou ninguém, naquele encantamento contemplativo, do espaço de conseguir estar em dois lugares ao mesmo tempo e ali mesmo, fiz da costela de Fernando, a pequena Eva. Nenhuma dor.
Quer ser meu amigo? Seja fiel, seja leal, como eu sou, seja Fernando, sublime numa dedicação à amizade e ao amor, provando esses dons ao vertebrar conversas, mesmo as mais devastadas, de impressões fortíssimas formulando sínteses, signos, sítios e o que mais possa ser – às claras, uma amizade começando entre dois homens velhos, eu 65, ele 86.
Numa capacidade genial, fiz uma foto com Fernando, para ilustrar a coluna de hoje, algo como o avesso impressivamente lapidado e não digo mais nada.
Kapetadas
1 – Quer saber – o que mais me assusta no Halloween é perceber que o ano está acabando e você ainda é você. E eu sem ela?
2 – Sim, celebrar o Halloween no Brasil é como usar terno na praia.
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DIA DE FINADOS - 01/11/2025





