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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Da costela de Fernando,

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publicado em 01/11/2025 ás 07h00
atualizado em 01/11/2025 ás 09h18

Já estava vindo pra casa, andando pela avenida Rodrigues de Aquino, até chegar na João Machado, onde estaciono meu C3, porque ando fugindo da Zona Azul –  ainda na calçada lateral do Tribunal, sou abordado por Fernando. Nesse momento achei que eu já tinha morrido.

O cara com a cara da felicidade, com a vida  feita e a sensação de  tantos poemas de Drummond na minha cabeça, achei que ele era o Leiteiro, que o seu falar simples, a sua propensão, ficou mil vezes capturada, correspondida, cerceada pelas circunstâncias dessa história que começa com uma imagem congelada.

Amizade –  antes tarde do que nunca.

O Fernando não se ficou como muitos, marchando, isca para diálogos bobos, gente com quem preservamos a amizade e o respeito, e nos afronta dizendo que somos mentirosos e que estamos a enganar os outros. Te dana!

A interioridade de uma amizade jamais pode ser trágica, incompreendida nas mansardas ou trapeiras que nos permite olhar da janela ou esperar no portão com o cachorro sorrindo latindo, para não dizer que não falei das flores da F. A nota de Fernando é dez, sem cenas ingênuas ou voluntaristas.

No fundo, e deslocando-se entre exercícios sensíveis, ora aproveitando um  momento comigo, sem saber quem eu era e eu sou ninguém, naquele  encantamento contemplativo, do espaço de conseguir estar em dois lugares ao mesmo tempo e ali mesmo, fiz da costela de Fernando, a pequena Eva. Nenhuma dor.

Quer ser meu amigo?  Seja fiel, seja leal, como eu sou, seja Fernando, sublime numa dedicação à amizade e ao amor, provando esses dons ao vertebrar conversas, mesmo as mais devastadas, de impressões fortíssimas formulando sínteses, signos, sítios e o que mais possa ser –  às claras, uma amizade começando entre dois homens velhos, eu 65, ele 86.

Numa capacidade genial, fiz uma foto com Fernando, para ilustrar a coluna de hoje, algo como o avesso impressivamente lapidado  e não digo mais nada.

Kapetadas

1 – Quer saber – o que mais me assusta no Halloween é perceber que o ano está acabando e você ainda é você. E eu sem ela?

2 –  Sim, celebrar o Halloween no Brasil é como usar terno na praia.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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