João Pessoa, 08 de novembro de 2025 | --ºC / --ºC
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Eu entrei no filme ´A Hora da Estrela´ para conversar rapidamente com a cartomante Madama Carlota e saber o significado de uma pulseira dada a seres ou não seres, sem nenhuma questão.
Sai rapidíssimo com medo de virar Macabéa e não voltar mais a ser o Lenormand K, amigo predileto da professora Mariana Tavares.
A cartomante disse que uma pulseira é uma algema, e me convidou para sentar no divã de Freud – e eu, claro, dei no pé com Lacan.
Faltou as conexões e o senso. Meus dias são assim rápidos e imprecisos, do litoral dos meus olhos na mesma tentativa de varar as cartografias do desejo da canção do Caetano no Vale do Silício, devolvendo às cadeiras emprestadas pela familiaridade dos gestos poéticos e cruéis. Não vejo mais o espírito da coisa.
Tive uma namorada sertaneja que dizia – “ Kubi, você não sabe o poder que exerce sobre mim…” . Poder nenhum, mas eu era jovem e nunca achei que eu teria poder sobre uma moça de promessas redentoras, que passava pito em mim.
Tenho acertado os dias pelos arrepios e agora estão mais do que nunca – ou estarei eu nesse status quo, latinismo estado das coisas vazias. Pera lá, tira essa camiseta do Guevarra, moça – você não leva jeito. Ou não tem cura.
No espelho do banheiro onde faço a barba já vejo uma imagem licérgica e tento regressar há novos quatro minutos menos feliz. Aí vejo que eu já morri.
Não morras antes da hora moça de “cabelo amarelo e óio cor de chuchu” , jogue as pulseiras no Rio Jaguaribe no percurso que passa pelas veias abertas dos jacarés famintos.
Acrescentando algo a seguir mesmo assim, as prisões maiores estão por vir e não consigo, muito embora – desculpa-me a insistência – continuar achando que a pulseira é a o anel que passa de mão em mão
Outro dia achei uma pulseira de aço no chão da Praça João Pessoa, levei para ajustar no meu braço e o cara ainda deu um brilho de lascar o cano. Um mês depois perdi a pulseira, certamente pertenceu a uma pessoa que havia se libertado da algema e já deve estar noutro braço, preso a outro coração vagabundo.
Meu abraço pra quem fica, é o que vale dessa vida, em que me lembrei da pulseira no braço de Severino sem pia.
A vontade que eu tenho e de criar outras palavras, algum feedback reencontrar a moça e devolver as pulseiras sem a prorrogação do jogo.
Kapetadas
1 – Inteligência artificial. Desculpa humana para a burrice coletiva.
2 – O homem contemporâneo não pensa: reposta.
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"INCLUSÃO DIGITAL" - 03/11/2025