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Violinista que morou em JP faz concerto em apoio a artistas e técnicos

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publicado em 10/09/2020 ás 09h33
atualizado em 10/09/2020 ás 10h01

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

A violinista Gabriela Queiroz que iniciou seus estudos em João Pessoa com o professor Ademar Rocha e residiu na Paraiba até os 17 anos, vai se apresentar neste sábado com o pianista Aleyson Scopel ( foto com ela) na série #SalaDigital da Sala Cecília Meireles, espaço da FUNARJ, do Rio de Janeiro, às 19h que transmite ao vivo a abertura do Ciclo Integral das Sonatas para violino e piano de Ludwig van Beethoven (1770-1827), através do canal YouTube da Sala Cecília Meireles. A série #SalaDigital tem o patrocínio da PETROBRAS.

O primeiro concerto traz Gabriela Queiroz (violino) e Aleyson Scopel (piano) interpretando as Sonatas para violino e piano nº 4, nº 5 e nº 10. O Ciclo Integral das Sonatas para violino e piano de Ludwig van Beethoven (1770-1827) continua nos dias 19 e 26 de setembro com os duos Priscila Rato (violino) e Erika Ribeiro (piano), e Emanuelle Baldini (violino) e Lucas Thomazinho (piano).

Ao longo de toda a transmissão serão arrecadadas doações para o Sindicato de Artistas e Técnicos em Espetáculos do Rio de Janeiro SATED-RJ, que auxilia profissionais de teatro e música duramente atingidos pela interrupção de concertos, óperas e peças de teatros por causa da pandemia de Covid-19. A Sala Cecília Meireles segue o Protocolo de Segurança Sanitária da FUNARJ e o palco foi preparado para que os músicos se apresentem com segurança. Após a transmissão, o vídeo ficará disponível para o público no YouTube da Sala Cecília Meireles e no da FUNARJ. O link para o YouTube da Sala é https://www.youtube.com/c/salaceciliameireles.

Gabriela participou de inúmeros festivais no Brasil e no exterior, destacando-se o Keshet Eilon Violin Mastercourse 2010 e 2013 em Israel, onde frequentou aulas e Master Classes ministrados por renomados músicos da atualidade como Ivry Gitlis, Shlomo Mintz, Hagai Shaham, Chaim Taub e Ida Haendel. Vencedora de concursos como o “Jovens Instrumentistas de Piracicaba” e o “Concurso Nelson Freire”, Gabriela vem se apresentando como solista, recitalista e camerista em todo o Brasil e no exterior, com importantes orquestras e renomados músicos como Alex Klein, Ori Kam, Shmuel Ashkenasi entre outros. Atualmente é Professora Assistente da Escola de Música da UFRJ, e atua como Spalla da Orquestra Camerata SESI.

Em entrevista ao MaisPB, ela conta da sua adolescência em João Pessoa, a paixão pelo violino, seus compositores e seus amor pele Paraíba

MaisPB – Com quatro anos você estava em João Pessoa e começou a estudar violino com o professor Ademar Rocha. A música entrou em sua vida tão cedo, assim?

Gabriela – Apesar de ter sido uma feliz coincidência minha mãe me levar ao concerto da Orquestra Sinfônica da Paraíba quando eu tinha 3 anos, aos 4 iniciei meus estudos com o Ademar Rocha através do Projeto Espiral (Funarte), sempre com muita dedicação. A partir de então a música foi gradativamente ocupando um lugar muito importante e intenso na minha vida, toda a fase de infância e adolescência foi fundamental para minha formação.

MaisPB – Seus pais são paraibanos?

Gabriela – Minha família materna é toda paraibana, eu nasci em Cataguases-MG, cidade do meu pai, mas aos 3 anos já estava morando em João Pessoa, onde cresci e morei até os 17 anos.

MaisPB – Morou em João Pessoa até os 17 anos, o que fez esse tempo todo?

Gabriela – Em João Pessoa fui educada e moldada em todos os aspectos. Minha essência é nordestina, e minha mãe até fica brava se eu falar que sou mineira…. Musicalmente tive o privilégio de crescer em meio a músicos de excelência, a Paraíba sempre teve uma tradição muito forte de músicos maravilhosos. O professor Ademar me orientou em todo este período de forma magistral, desde pequena participei de cursos, festivais e competições a nível nacional. Participei da Camerata Brasílica, grupo de câmara que se consolidou nacionalmente na época (principalmente entre 2000/2002). Gravamos um CD com o saudoso trombonista Radegundis Feitosa, com o qual tive a honra de conviver e aprender, entre outros discos e muitas apresentações no âmbito nacional.

MaisPB – Neste sábado você vai se apresentar na série #SalaDigital da Sala Cecilia Meireles, que será transmitida ao vivo, na abertura do Ciclo Integral das Sonatas para violino e piano de Beethoven. Vamos falar desse avanço em sua vida?

Gabriela – Desde a ida para o Rio de Janeiro até os dias de hoje minha trajetória sempre foi de muito estudo, aliado à grandes oportunidades de trabalho e convivência. Toquei dos 17 aos 24 anos na Orquestra Sinfônica Brasileira, onde aprendi muito. Pude viajar e tocar com grandes músicos através de festivais de música dentro e fora do país, entre muitas outras oportunidades de trabalho e estudo ao longo de todo esse tempo. Tocar na Sala Cecília Meireles é sempre uma honra. Me sinto ainda mais feliz pela oportunidade de tocar Beethoven com o Aleyson Scopel que é um pianista excepcional, e com quem tenho orgulho de formar um duo.

MaisPB – O primeiro concerto traz Gabriela Queiroz (violino) e Aleyson Scopel (piano) interpretando as Sonatas para violino e piano nº 4, nº 5 e nº 10. Fale nos dessas sonatas?

Gabriela – As 10 Sonatas de Beethoven para violino e piano são incríveis, sem exceção. A Sonata nº 5 (Primavera), que é talvez a mais famosa de todas, dispensa apresentações, é de uma beleza e delicadeza indescritíveis. A 4ª Sonata, com um ar mais sombrio revela este outro lado de Beethoven, ora sombrio, ora bem humorado, e é um lindo contraste. A Sonata 10, feita alguns anos depois das outras duas é madura, a expressão de alguém mais experiente, com uma simplicidade e uma profundidade que se integram de forma sublime.

MaisPB – Como foi seu mestrado em Práticas Interpretativas na UFRJ, sob a orientação do professor André Cardoso?

Gabriela – Minha pesquisa de mestrado foi baseada em uma obra do compositor Heitor Villa-Lobos, chamada Fantasia de Movimentos Mixtos, para violino e orquestra sinfônica. Fiz todo um trabalho de resgate a nível histórico e de partituras. Além da enorme contribuição do meu orientador Prof. André Cardoso, tive a honra de ter o maestro Roberto Duarte à frente da parte de revisão de partituras e trabalho orquestral.

MaisPB – Já se apresentou alguma vez em João Pessoa?

Gabriela – Sim, depois de minha ida ao Rio já fiz algumas apresentações em João Pessoa, como solista da Orquestra Sinfônica da Paraíba e da Orquestra Sinfônica Jovem.

MaisPB – Vamos falar dos festivais que você participou no Brasil e no exterior, destacando-se o Keshet Eilon Violin Mastercourse 2010 e 2013 em Israel, onde frequentou aulas e Master Classes ministrados por renomados músicos da atualidade como Ivry Gitlis, Shlomo Mintz, Hagai Shaham, Chaim Taub e Ida Haendel.

Gabriela – Desde muito nova percorri os festivais que haviam aqui no Brasil, principalmente na infância e início da adolescência. Depois da minha ida para o Rio fui em busca de alguns festivais fora do país e sem dúvida o que mais marcou foi o Keshet Eilon. Através do meu último professor, o grande violinista Shmuel Ashkenasi tive a honra de participar duas vezes deste curso. Conheci muitas lendas do violino de perto, pude tocar em instrumentos incríveis como Stradivari e Guarneri, entre outras felicidades que vivenciei em Israel.

MaisPB – Quem são seus compositores preferidos?

Gabriela – Além de Beethoven… Bach, Schubert e Brahms.

Programa:

Ludwig van Beethoven (1770-1827)

Sonata para violino e piano nº 4 em lá menor, op. 23 (1801) – 30’

– Presto

– Andante scherzoso, più allegretto

– Allegro molto

Datada de 1801, esta sonata foi composta um ano depois da sua primeira sinfonia, e dedicada ao Conde Mortiz von Fries, um de seus patronos à época e a quem dedicaria outras obras. Ao contrário do ocorrido com as três sonatas anteriores, a Sonata nº 4 foi recebida com elogios pelos críticos.

Sonata para violino e piano em Fá maior nº 5, op. 24, (1803) – 22’

– Allegro

– Adagio molto espressivo

– Scherzo: Allegro molto

– Rondo: Allegro ma non troppo

Também conhecida como “Primavera”, a Sonata nº5 é uma obra na qual é evidente que Beethoven encontrou a sua própria voz, estando já distante do classicismo puro e entrando em pleno romantismo.

Sonata para violino e piano em sol maior nº 10, op. 96, (1812) – 30’

– Allegro moderato

– Adagio espressivo

– Scherzo: Allegro – Trio

– Poco allegretto

Composta em 1812, a Sonata nº 10 é considerada por alguns críticos como a mais encantadora de todas as sonatas, “de uma beleza serena e etérea”, com um nível de exigência que é uma prova de talento para seus intérpretes.