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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Amantes de livros

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publicado em 15/11/2025 ás 07h00
atualizado em 15/11/2025 ás 07h38

O escritor Hildeberto Barbosa, disse no lançamento do livro de Bruno Gaudêncio, que tem 22 dois mil livros em sua biblioteca e que ele não empresta e não se desfaz de nenhum. “Livro é como amante, ninguém divide uma amante”, disse o autor ´Da Volúpia do Erro´

22 mil livros, só Deus sabe e nem o Demo pode abalar tamanhas raridades. Eu nem sei quantos livros tenho, acho que hoje não passam de trezentos e ainda é muito livro, fora os  que recebo semanalmente do Grupo Record.

Hildeberto talvez não saiba que livros e amantes tem algo em comum, até porque não se lê durante o ato sexual,  mas ele deve saber que livros mofam nas prateleiras e os amantes apodrecem com sabor de frutas mordidas, comidas e desfeitos uns pelas outros.

O livro é tudo, bota a gente nos altares, o sexo também,  mas no Brasil poucas pessoas leem e não tenho como imaginar quantas amantes os livros trazem, em quartos suspensos, ao lado de igrejas suntuosas se vivem e sobrevivem feitos hieróglifos próprios de seres que não tresandam a uma vida inteira secreta e que nunca abriram um livro.

A beleza é um susto, agora mais do que nunca que todo mundo se acha belo, mas belo mesmo sãos  ´As palavras´ de Sartre, ´Memórias de Adriano´ de  Marguerite Yourcenar e os poemas de Carlos Drummond de Andrade

Um bom lugar para ler um livro, colocá-lo no colo, longe de ´A Dama do Lotação´ de 1978, dirigido por Neville d’Almeida, cujo olhar é um gesto estupendo da carne, mas o livro é mais profundo, como uma amante e a agonia do mundo, mas ninguém é capaz de mudar o mundo.

O livro prova o prazer da leitura imaginária do gosto do gozo, e por isso, tantas pessoas acabam por desfazer-se do enredo da paixão do personagem, afinando gestos frios, oferecendo o corpo sem especial vontade, para que outra coisa aconteça.

Livro é silêncio, alivio dos amantes, que cerram os olhos quando encerram uma obra, uma transa, mas não tem coisa melhor do que o sexo, a paz que o sexo traz, como diz Caetano Veloso.

Kapetadas

1 – Os casamentos acabam, os filhos crescem, mas os livros permanecem

2 – Você acorda querendo evoluir como ser humano e termina o dia querendo perder o réu primário.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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