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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Infestação de emergentes

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publicado em 23/11/2025 ás 07h34
atualizado em 23/11/2025 ás 08h54



Não é porque qualquer coisa “já foi e não é mais” que devemos nos assustar com ela, jamais – mas eu já dava como extinta a civilização dos emergentes na Paraíba, que teve sua rainha, a querida socialite carioca Vera Loyola (foto), figura de proa, uma presença cá nos trópicos, impregnada dela mesma.

Não que os emergentes sejam ligeiramente bregas, claro que não, mas estão voltando e desta vez com a força geracional, que rege o universo social da cidade de  Patos, considerada a capital do sertão. Quem traz essa novidade é a bonita colunista Solyandra.

Escrevi nos anos 80 e 90 diversos textos sobre “les nouveaux riches”, termo que era frequentemente usado para descrever pessoas que acumularam riqueza recente, muitas vezes através de seus próprios esforços, e que podem e devem exibir seu dinheiro de forma que quiser, ostensiva etc.

Emergentes pagavam para sair nas colunas dos finados impressos e hoje pagam para aparecer nas páginas dos blogueiros, pagam  para ir à festas e baladas.

A colunista patoense realizou este ano mega festa na Maison Blunelle, a versão da entrega do troféu aos Construtores do Futuro, que está em sua 25ª edição, que deu certo na cidade mãe, Patos, e explodiu na capital, com a parceria de construtores milionários. Ela está certa, todos são filhos de Deus e esbanjam marcas e grifes. Ah! A paciência das árvores.

Solyandra vai realizar em dezembro a já anunciada festa para entrega do Oscar a sociedade paraibana. O Oscar? Não pasmem. Se você é da sociedade alternativa, nem adianta mexer os pauzinhos, mas se tiver alguma gordura, chega lá.

Será que colunista de Patos conhece a sociedade da capital, já que o esmerado trabalho dela sempre foi na sociedade patoense e redondezas. E precisa? Muito “well liked” ela vai ousar em entregar o Oscar da Sociedade Paraibana. Seria uma infestação de novos emergentes? 

Na verdade, o (a) emergente é hoje um símbolo do sucesso, jamais celebridade. Não importa de onde você veio, se de Carrapateira ou Copacabana, o que importa é seu nome figurar na lista. Tem que pagar para receber o troféu? Claaaaro que sim, mas os emergentes mundiais estão noutra vibe e pagam para arrebanhar aplausos da multidão – cuidado, a multidão matou Cristo. Ou foi a ralé?

O importante é estar bem com o seu desempenho, bem na fita Os conceitos sobre emergentes estouraram nas redes sociais que têm ajudado e muito. O importante agora é ser qualificado como “produtivo”, emergente e figurar na lista dos contemplados do Oscar PB.

“Se você é tradicional e não produz, não será nada. Da mesma forma, se você é emergente, não pode parar de emergir!, disse Vera Loyola (ícone “emergente”), Jornal do Brasil, 1994.

Tai gostei – quero ver quem é nova sociedade paraibana que vai receber o Oscar de Solyandra. Aliás, por onde andará o colunista mor de Patos, Carlos Estevam, o mais autêntico, que gostava de usar os paletós de puro linho e deixava a marca pendurada – puro linho. Ele merece receber o troféu da Solyandra.

Pois é, quando o ponto final chora ele vira uma vírgula

Kapetadas

1 – Gente tá muita produção de conteúdo barato, mas é um barato, né?

2 -Tô tomando café frio e sem açúcar (só pra vocês saberem com quem estão lidando)
3 – Ilustração Vera Loyola

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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