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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Meu outro retrato

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publicado em 03/08/2025 ás 07h00
atualizado em 02/08/2025 ás 19h28

 

Nenhuma outra alegria é tão ferozmente sadia do que viver em paz. E isso, só acontece através da fala, da terapia consigo mesmo, entre queixas e acertos, sem cobranças. Por isso mudamos, evoluímos, para não desaparecermos de nós mesmos.

 

Não é aquele toque, do que você faz e diz, (de uma canção feliz), de que só queremos saber do que pode dar certo e nada a perder. Não, já perdi tempo demais, mas o tempo que me resta, sem derrapar, será para conviver intensamente com os vivos, os meus. O que poderia dar certo, já deu.

 

Descrever cada dialogo, do tempo que se vê; se vive, cada sentimento é, antes de qualquer arauto, a nossa opinião, ou pelo menos, viver do discurso, do politicamente incorreto, jamais repetido. Muitas pessoas perderam a viagem, eu não sou uma delas.

 

Viver com insatisfação, nada a ver. Mas tudo tem seu rolo, seu tempo. Voltei para fazer academia aos 65 anos, porque vou precisar fortalecer a musculatura nessa parada, rumo aos 70. Ou seja, além de me reinventar, eu me adianto.

 

Ando dirigindo com mais atenção e bem atento para não levar quedas, mas isso tem disciplina, nada de ficar disperso. As dores surgem mais a partir de tal idade, mas eu caminho todos os dias e faço Pilates – isso aqui não é a receita, é a cartilha.

 

Sem medo, ainda tenho muita coisa para realizar e não esperem um livro, porque eu não sei escrever livros, só crônicas, artigos e reportagens. Ah! Aprendi a fazer notas curtas com o mestre Frutuoso Chaves e às vezes me pareço com o autorretrato de Frida K. (foto)

 

Sempre lendo e, certamente, vem daí parte do meu vocabulário e, por isso mesmo, desejo que os jovens se interessem por leituras, senão vão bater com a “tecnologia” na água. Sim, isso é um trocadilho, cada um, cada um.

 

Ser maior, nada de provincianismo e menos tolerante, do que realmente sou, porque a modernidade mora longe daqui. As muralhas são avanços. Os obstáculos são autoenganos  e por aí vai.

 

Tenho decorado poemas para declamar nas calçadas onde estejam duas, três pessoas para me ouvir.

 

Não estou conflituosamente sem síntese. Mas em síntese, o que ainda me chateia (sim, sou chato)  são criaturas que só me ligam para pedir o telefone de outras e também as que espalham mentiras. É feio, mas sempre foi assim.

 

Estranho não sou não, sou um paradoxo, que me diz algo de fundamental com respeito à autoimagem. Sou uma ambiguidade,  abomino a violência  observada  a olho nu,  gente que mata, esfola, estupra e não tem assento na cadeia.

 

A extravagância reina, além da excitação alienada de muitos cidadãos-blasés.

 

Também não sou permanente nesse estado de “foi mal, desculpa aí” e sequer do deslocamento com o qual vivem diariamente parte dos descontentes, que conferem, por assim dizer, a dinâmica do nada.

 

De sorte nasci no sertão, das cadeiras mulatas, requebrados e muitas graças da vida que me trouxe para o caos, mas eu sou das travessias.

 

Kapetadas

1 – Tão egocêntrico que quer ser o plano B do universo quando tudo der errado. Quem?

2 – Harmonização peniana, é o jeito mais caro de descobrir que o tamanho do ego não muda o tamanho do resto.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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