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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

A alta sociedade carioca

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publicado em 26/12/2025 ás 20h28

Esta é uma história real, contada pelo antropólogo Michel Alcoforado. Embora tenha o tempero necessário das fofocas da dita alta sociedade (Eike Batista, casamento, traição…), serve maravilhosamente para demonstrar a diferença entre a alta sociedade carioca e as demais.

Vamos à história, em seguida as explicações.

Deu-se que Eike Batista, já multimilionário e caminhando para ser um dos dez homens mais ricos do mundo, estava prestes a conseguir entrar na alta sociedade carioca casando-se com Patrícia Leal, trineta do Conde João Leopoldo Leal. Era bela, recatada e do lar. Tinha berço, falava várias línguas e era vista sempre no circuito Londres, Paris e Nova York. Aliás, por falar em Patrícia, foi inspirando-se nela que um dos maiores colunistas sociais do país, Zózimo Barroso do Amaral, criou o termo “patricinha”. Deu pra entender, né? Em 1990 o casal convidou 400 tops da altíssima sociedade carioca para a festa de casamento, com direito a caviar Strottarga bianco (vem do estrujão albino siberiano), ostras Coffin bay e tudo de bom que o dinheiro pode comprar. À época os jornais comparavam aquela celebração ao ultimo baile do Império.

Pois muito que bem. Poucos dias antes da festa, ao final de uma regata que Eike disputara, ele viu em meio à multidão que assistia a festa da premiação uma morena estonteante; Luma de Oliveira. Babau festa, casamento, entrada na alta sociedade carioca… claro que foi um escândalo, porém Patrícia recuperou-se, casou com Antenor Mayrink Veiga, descendente de uma das mais tradicionais famílias cariocas e viveram felizes por muitos anos…quase para sempre. Eis que as trapaças da sorte trouxeram a separação do casal e novamente a alta sociedade carioca foi abalada por um boato terrível; Patrícia teria iniciado um romance com uma personal trainer. Patricinha, sempre classuda, em uma entrevista à revista Veja, matou a pau: “- Olha bem para a minha cara e vê se é verdade”.

Nesse imbróglio todo, o fato de ter havido uma suposta relação homossexual importava zero, o escândalo era uma Leal ter trocado um Mayrink Veiga por uma qualquer.

Entenderam a diferença? Aqui em João Pessoa, em São Paulo, em Recife, em qualquer capital, ter dinheiro (muito, né?) garante seu acesso à dita alta sociedade.

No Rio de Janeiro não.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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