João Pessoa, 19 de setembro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
“- Dormir é bom demais …, ô Doutor, se dormir é tão bom, imagine morrer, hem?”. Fui surpreendido com essa brilhante constatação anunciada pelo empresário Índio do gelo, que acabara de comprar um colchão pelo qual pagara o preço de um carro usado. Na ânsia de demonstrar as maravilhas do colchão novo, disse que o mesmo possuía infravermelho, ultravioleta, massagens, ondas curtas e outras atrações. Acho que exagerou um pouco, mas fechou bem: “- Doutor, o colchão é tão tecnológico que quando eu vou me aproximando da cama já vou fechando os olhos”.
Com esses despautérios despertei para uma reflexão maior sobre o sono, já que um terço de nossas vidas passamos quase todos a dormir, menos Manoel Moreira e eu. Ele acorda à meia noite e começa a perturbar os amigos para irem caminhar. Já eu durmo uma hora pela manhã quando chego da caminhada, durmo mais umas duas horas à tarde, depois da academia, natação e almoço. Enfim durmo umas sete horas à noite. Posso dizer que sou bom de cama, né?
O que me chamou a atenção nesses momentos de reflexão sobre o sono foi a constatação da incompetência dos coachs, como são conhecidos hoje em dia os picaretas de antigamente. Como é que até agora ainda não criaram cursos para ensinar os incautos a escolherem os sonhos que querem ter? Imagino uma aula do bonitão explicando à plateia de embasbacados crédulos que sonhar com o que se quer é somente uma questão de trabalho mental. E haja inventar absurdos. Querem sonhar com que? Com os pais? Pois bem, basta concentrar-se na sua infância e nos natais passados com a família, nas festas de aniversário e nas férias. Querem sonhar sendo milionários? Concentrem-se nas fortunas dos milionários e nas extravagâncias que eles fazem. Os alunos mais tímidos, influenciados pela excelente retórica e forte presença dos coaches, irão dizer que deu certo para não passarem por fracos. Os que se acham mais espertos, esses é que se darão mal ao dizer que o ensinamento não funcionou, porque o coache vai recomendar uma segunda e mais avançada fase de treinamento (mais cara, obviamente) onde venderá a cada um deles um vidro contendo um liquido mágico misterioso para ser tomado quando forem dormir. Meus espertos leitores já adivinharam que se trata de um produto que nos EUA se chama water, né?
Meu avô dizia que todo dia saiam de casa um besta e um sabido e que quando eles se encontravam rolava um negócio. Hoje em dia a sabedoria aumentou enormemente e os bestas multiplicam-se como coelhos. Como diria O.X., motorista dos meus pais: “- Nunca vi besta com nada nem corno com mulher”. Sutil, né?
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CRISE NO PSB - 19/09/2025