João Pessoa, 05 de maio de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Com acesso facilitado, programas de mestrado e doutorado com perspectiva global ganham força entre profissionais da Paraíba. Nos corredores de universidades, nos grupos de pesquisa e até nas rodas de conversa entre colegas de profissão, um tema tem aparecido com mais frequência entre os paraibanos: o interesse crescente por programas de mestrado e doutorado internacionais. O que antes parecia distante, caro e inacessível, hoje começa a ser encarado como possibilidade concreta e, em muitos casos, viável graças ao formato 100% a distância.
A expansão dos modelos EAD no ensino superior, combinada à valorização de experiências internacionais no currículo, tem feito com que profissionais do estado, muitos deles já inseridos no mercado, passem a buscar formação stricto sensu fora do eixo tradicional, sem precisar sair de casa.
Foi nesse contexto que tive uma conversa com Luciane Albuquerque Sá de Souza, professora paraibana com sólida trajetória em instituições brasileiras e europeias, que hoje coordena programas de mestrado e doutorado em Administração vinculados à Ivy Enber Christian University, com sede nos Estados Unidos e estrutura acadêmica voltada à formação de líderes com atuação global.
Segundo Luciane, o convite para assumir a coordenação surgiu no final de 2023, como reconhecimento pelo trabalho que vinha realizando. Ela contou que seu maior impulso foi a possibilidade de contribuir para a formação de lideranças alinhadas às demandas contemporâneas da Administração, em especial àquelas que valorizam inovação, sustentabilidade e impacto social.
A universidade atua com foco em uma abordagem interdisciplinar e busca integrar conteúdos clássicos da administração a novas exigências do mercado. Os cursos oferecidos incluem tanto o mestrado e doutorado acadêmicos quanto programas profissionais voltados para áreas como Governança, Tecnologia e Inovação, Marketing Digital e Coaching e Liderança. O modelo de ensino, que permite flexibilidade e autonomia, tem atraído profissionais de diversas regiões do Brasil.
Luciane observa que o perfil dos estudantes é, em geral, composto por profissionais experientes, com atuação consolidada em suas áreas e com desejo de aprofundar seus conhecimentos em inovação, sustentabilidade e liderança ética. Muitos deles, segundo ela, chegam com uma visão clara de como pretendem impactar suas organizações e comunidades, e encontram no programa uma estrutura que favorece esse desenvolvimento. Além da Administração, há também alunos vindos das áreas de Ciências Contábeis, Matemática e Tecnologia da Informação.
Outro ponto que chama atenção na conversa é o papel da internacionalização do ensino superior. Luciane explica que ela vai além da ideia de estudar fora. Está relacionada à capacidade de ampliar horizontes, dialogar com outras culturas, metodologias e práticas. Essa exposição, segundo ela, fortalece competências como adaptabilidade, pensamento crítico e liderança em ambientes multiculturais, além de favorecer uma rede de contatos diversa e estratégica.
As linhas de pesquisa oferecidas nos programas acadêmicos refletem os desafios atuais da gestão: Estratégia e Inovação; Marketing e Ciências do Consumo; Finanças e Sustentabilidade; e Organizações e Pessoas. Essa última, segundo a coordenadora, tem sido a mais procurada pelos estudantes, justamente por abordar temas como comportamento organizacional, engajamento de equipes, transformação digital e gestão estratégica de pessoas, pontos cada vez mais centrais no cenário empresarial.
Em tempos de mudanças rápidas e contextos organizacionais instáveis, Luciane acredita que os profissionais estão buscando mais do que títulos. Estão atrás de sentido. “Eles querem compreender melhor as dinâmicas humanas nas organizações, desenvolver competências para liderar com ética e promover mudanças sustentáveis. E essa linha de pesquisa permite isso.”
Ao final da conversa, perguntei que conselho ela daria a quem deseja seguir esse caminho. A resposta foi direta: é preciso aproveitar ao máximo as oportunidades de troca e conexão que esse tipo de formação proporciona. Para ela, investir em pesquisas que dialoguem com contextos locais e globais é uma forma de criar impacto em diferentes realidades. E manter-se aberto às novas ideias e tendências é o que fortalece a capacidade de inovar.
O movimento de paraibanos rumo à pós-graduação internacional é silencioso, mas crescente. Em meio aos desafios do trabalho, da vida pessoal e das limitações estruturais, muitos seguem encontrando formas de se conectar com o mundo sem perder as raízes. Talvez esse seja o verdadeiro sentido da internacionalização: ampliar sem descolar, crescer sem sair de si.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
OPINIÃO - 02/05/2025