João Pessoa, 30 de maio de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Na Paraíba, a gestão da diversidade começa a deixar de ser apenas um discurso para se tornar uma prática concreta dentro das empresas. Em diferentes setores da economia, de escritórios de tecnologia em João Pessoa a cooperativas rurais no interior do estado, cresce o entendimento de que promover inclusão não é apenas uma questão ética ou social é uma decisão estratégica. Empresas que valorizam equipes plurais ganham em inovação, engajamento e desempenho, e esse movimento começa a ganhar força por aqui.
Um exemplo disso é o Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região, que lançou o Programa Empregabilidade na Diversidade, com ações voltadas à inserção de grupos minorizados no mercado de trabalho. Além disso, criou o Selo Diversidade e Inclusão, uma forma de reconhecer publicamente organizações e pessoas que adotam práticas inclusivas. São sinais de um novo tempo, em que o compromisso com a diversidade começa a ser reconhecido também como diferencial competitivo.
No âmbito do poder público, a Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana tem promovido ações para ampliar a equidade nas relações de trabalho e nas políticas de recursos humanos. O desafio, no entanto, não é pequeno. A ausência de dados específicos sobre diversidade nas empresas paraibanas ainda dificulta a criação de políticas mais robustas. Muitas organizações iniciam ações de inclusão sem um diagnóstico claro ou sem apoio técnico, o que pode limitar o impacto real das iniciativas.
A gestão da diversidade exige mais do que boa vontade. Envolve mudar mentalidades, rever processos de recrutamento, investir em formações, ouvir quem nunca teve voz e construir ambientes seguros onde as pessoas possam ser quem são. É uma mudança cultural que passa por todos os níveis da organização, do chão de fábrica à diretoria. Na prática, isso significa não apenas contratar pessoas diversas, mas garantir que elas tenham as mesmas oportunidades de crescer, liderar e permanecer.
Mesmo com os avanços, ainda há barreiras importantes a vencer. Estudos recentes apontam que muitas empresas ainda falham em oferecer políticas eficazes de inclusão para pessoas LGBTQIA+, para pessoas com deficiência e para profissionais 50+. Outras reproduzem padrões de exclusão silenciosa, em que a diversidade é celebrada no discurso, mas ignorada na rotina e nas decisões estratégicas. Essa dissonância precisa ser enfrentada com coragem e compromisso real.
O fato é que diversidade não se resume a números ou campanhas de marketing. Ela se revela nos detalhes da convivência, nas decisões do dia a dia, no tipo de ambiente que se cultiva. Uma empresa verdadeiramente diversa é aquela em que ninguém precisa esconder quem é para ser respeitado, ouvido e valorizado. E isso não acontece por acaso é resultado de gestão, intenção e ação contínua.
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