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Bacharel, Especialista e Mestre em Administração (UFPB/UNP). Mestre Internacional em Comportamento Organizacional e Recursos Humanos (ISMT – Coimbra/Portugal). Especialista em Neurociências e Comportamento (PUC-RS) e em Inovação no Ensino Superior (UNIESP). Membro Imortal da Academia Paraibana de Ciência da Administração (Cadeira 28). Professor universitário (UNIESP), consultor empresarial, palestrante e escritor best-seller da Amazon. E-mail: [email protected]

O poder dos vínculos que transformam

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publicado em 10/06/2025 ás 07h29

Todos nós, em algum momento da vida, já sentimos a dor da solidão. Não importa a idade ou a história: esse sentimento aparece quando nossas necessidades básicas de amor, afeto e pertencimento não são atendidas. Seja a saudade de quem está longe, a sensação de não ser visto em um relacionamento ou a falta de conexões verdadeiras, a ausência de vínculo deixa marcas profundas, bloqueia nosso crescimento e nos faz acreditar que somos menos importantes.

Relacionamentos saudáveis são essenciais para o nosso bem-estar. Não basta apenas amar: é preciso criar vínculos fortes e duradouros, que deem segurança e espaço para que cada pessoa possa ser quem é. Quando falamos sobre vínculos que transformam, estamos falando sobre aquelas relações que, além de acolher, também impulsionam o nosso desenvolvimento e nos fazem florescer.

Desde o início da vida, aprendemos a nos conectar com o mundo através do vínculo. O bebê que se sente seguro com o cuidador desenvolve confiança, curiosidade e vontade de explorar. Essa base afetiva é determinante para todas as outras relações futuras, seja de amizade, parceria amorosa ou até profissional. Quando esse vínculo é frágil, inseguro ou ausente, podem surgir dificuldades emocionais e comportamentais, prejudicando a capacidade de se relacionar.

A segurança no vínculo cria uma espécie de “porto seguro”. A criança que sabe que pode contar com alguém se torna mais aberta para o mundo. Por outro lado, quem experimenta vínculos frágeis ou inconsistentes tende a carregar medos e ansiedades que, muitas vezes, se manifestam na vida adulta como dificuldade em confiar ou medo de rejeição. Por isso, entender como se formam os vínculos é fundamental para construir relações mais saudáveis.

Na vida adulta, continuamos a precisar desse acolhimento. O amor, a amizade, o companheirismo — todos são formas de vínculo que nos sustentam. Mas não basta apenas sentir: é preciso cultivar. E isso se faz com gestos intencionais de cuidado, respeito, escuta e presença. São esses comportamentos positivos que mantêm o vínculo vivo e forte ao longo do tempo.

O psicólogo John Bowlby foi um dos primeiros a estudar como o vínculo na infância influencia toda a trajetória emocional. Ele percebeu que crianças que não recebiam respostas consistentes às suas necessidades desenvolviam sentimentos de insegurança e medo. Já aquelas que eram acolhidas com atenção e constância criavam vínculos seguros, e, com isso, mais saúde emocional.

Relacionamentos que prosperam não são aqueles livres de conflitos, mas aqueles em que há espaço para o diálogo e para a reparação. O amor se fortalece quando, diante das dificuldades, há disponibilidade para ouvir, acolher e transformar a dor em aprendizado. O vínculo não se mantém sozinho; ele é resultado de escolhas diárias, muitas vezes silenciosas, mas sempre potentes.

É importante lembrar que todo relacionamento saudável promove crescimento pessoal. Estar em uma relação significativa nos impulsiona a sermos melhores, a desenvolver empatia, paciência e a reconhecer tanto nossas fragilidades quanto nossas forças. Vínculos verdadeiros são aqueles que nos permitem evoluir juntos, respeitando a individualidade de cada um.

Também não podemos esquecer que o vínculo é um caminho de mão dupla. Exige entrega, mas também respeito pelos limites do outro. Assim, é possível construir uma relação baseada na confiança, na reciprocidade e no afeto genuíno. É nessa troca equilibrada que surgem os relacionamentos que, de fato, prosperam e transformam.

Por fim, vale o convite: que possamos olhar com mais atenção para os vínculos que cultivamos. Que sejamos intencionais ao fortalecer as conexões que nos fazem bem e corajosos para transformar ou encerrar aquelas que nos fazem adoecer. Afinal, são os vínculos que nos sustentam e que, muitas vezes, dão sentido à nossa existência.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB