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Juiza de 9a Vara Civel de João Pessoa. Especialista em Gestão Jurisdicional de Meios e Fins e Direito Digital

A dromologia da vida contemporânea!

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publicado em 07/12/2025 ás 07h28

 

 

Então o natal está chegando! E o ano está acabando. Compras de presentes para fazer, casa pra arrumar. Árvore de natal pra montar. Já já outro ano está chegando. Promessas não cumpridas. Planos e sonhos a realizar. E tudo começa novamente, nessa roda viva pungente.

Só que hoje parece que o tempo não cabe no relógio. As horas são insuficiente para caber toda nossa agenda diária, precisamos de mais horas ao dia. Se Hiparco de Niceia fosse vivo, pediríamos para acrescentar, talvez, mais duas horas ao relógio.

Somos refém da tecnologia, inimigos da lentidão. E a vida vai nos levando, num perfeito dromus, diga-se “corre corre”, o qual estamos imiscuídos sem saber! Corremos, corremos e corremos! E nesse cenário, precisamos nos reinventar.

E nessa corrida louca e veloz, o tempo não pára, não espera, não perdoa, às vezes cura, molda, recorta, mas não dá espaço a paradas inúteis. É intenso e cruel para quem os perde. Irreparável e sem preço.

Segundo o arquiteto e filósofo francês Paul Virilio (1932-1918), a velocidade constitui-se de um dos mais importantes fatores de alteração da nossa percepção de mundo, eis que não é apenas um meio de transporte ou comunicação, mas um poder que estrutura a sociedade moderna, foco da dromologia.

Essa dromologia está em explicar como a aceleração contínua transforma radicalmente o tempo e o espaço. E, nesse espaço de hoje dominado pela tecnologia, que tem desumanizado profundamente a sociedade, porque a mobilidade da era tecnológica da quarta fase da revolução industrial, não é a mesma da prensa de Gutemberg, e esta não é acessível a todos e, não é todo mundo que pode a mesma usar.

Virilio entende que a velocidade é o resultado da movimentação do motor da guerra, movido por inúmeras inovações técnicas, que por um lado são positivas, mas por outro, possuem seu lado extremamente negativo, com morte e sofrimento de milhões de pessoas, cujo motor que se encontra na base da economia e da tecnologia, é exatamente através dele que o poder se expressa. Portanto a velocidade é o poder e o poder se expressa em velocidade.

Os motores a vapor, a explosão, o elétrico, o foguete e o da informática, contribuíram para uma “tecnicização do território”, tornando assim o espaço geográfico cada vez mais mecanizado   com profundas alterações no modo de produzir, nas formas de circulação e de consumo espacial, enquanto a informática acelerou o fluxo de dados e a velocidade da luz, desmaterializou o território, anulando as distâncias, faz a informação ser distribuída em tempo real.

E nessa velocidade alucinante, temos os contratempos, que são as zonas de desaceleração, marcados pelos tempos de espera, mas em meio a esse caos, a mente humana tão acelerada, não consegue lidar com essas pausas, às vezes necessárias ou vezes intrometidas.

E assim, enquanto as luzes do Natal piscam, refletimos sobre a chegada de um novo tempo, com a chegada do Messias, que vem trazer a promessa de um novo ciclo, mas a corrida é contínua.

O perfeito dromus nos absorve. Somos um só tempo, atletas da alteridade e reféns da dromologia, impulsionados por um motor de guerra que se transformou em data center, numa onda tecnológica que prometeu salvar o tempo, mas nos aprisionou à sua velocidade.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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