João Pessoa, 23 de maio de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Bacharel, Especialista e Mestre em Administração (UFPB/UNP). Mestre Internacional em Comportamento Organizacional e Recursos Humanos (ISMT – Coimbra/Portugal). Especialista em Neurociências e Comportamento (PUC-RS) e em Inovação no Ensino Superior (UNIESP). Membro Imortal da Academia Paraibana de Ciência da Administração (Cadeira 28). Professor universitário (UNIESP), consultor empresarial, palestrante e escritor best-seller da Amazon. E-mail: [email protected]

O Cérebro da Felicidade: Como Emoções Positivas Transformam a Vida  

Comentários: 0
publicado em 23/05/2025 ás 08h28
Sentir-se bem é mais do que apenas um desejo. É uma necessidade biológica que influencia o corpo e a mente de maneiras profundas. Desde os tempos antigos, pensadores como Juan Luís Vives já enxergavam que as crises emocionais podiam ser mais perigosas do que as doenças do corpo. Hoje, a ciência mostra que emoções positivas ajudam a manter o equilíbrio dos sistemas internos, fortalecem a saúde mental e física e nos preparam melhor para enfrentar os desafios da vida.

Para a Organização Mundial da Saúde, saúde vai além da ausência de doenças. Ela inclui bem-estar físico, mental e social. E este bem-estar, segundo pesquisas recentes, está diretamente ligado à presença de emoções positivas. Essas emoções, como alegria, satisfação e entusiasmo, servem não só para nos fazer sentir melhor, mas também para proteger o organismo, melhorando a resistência ao estresse e prevenindo adoecimentos.

As emoções não são apenas sentimentos vagos. Elas têm bases biológicas claras no cérebro. Estruturas como o sistema límbico, o hipocampo e o córtex pré-frontal estão profundamente envolvidas no surgimento de sensações boas e ruins. Estudos de imagem cerebral mostram que sentir felicidade ativa áreas específicas, como o córtex pré-frontal esquerdo e o estriado ventral, reforçando que a alegria é algo que, literalmente, molda o cérebro.

É interessante notar que emoções negativas, como o medo e a ansiedade, também têm seu valor. Elas surgem como mecanismos de proteção e sobrevivência. O problema não está em senti-las, mas sim em permitir que dominem o cotidiano. Emoções positivas, por outro lado, incentivam comportamentos de aproximação e fortalecimento de vínculos sociais, essenciais para a vida em comunidade.

Outro ponto que chama atenção nas pesquisas é que a felicidade não depende tanto da intensidade dos momentos bons, mas da frequência com que eles acontecem. Pequenos episódios de bem-estar no dia a dia, como uma boa conversa, uma caminhada ao sol ou um gesto de gentileza, têm impacto mais duradouro na saúde do que eventos raros e intensos.

Estudos recentes também mostram que o bem-estar emocional se reflete na estrutura do cérebro. Regiões como a ínsula e o precúneo, que ajudam na percepção do corpo e da própria identidade, se mostram mais desenvolvidas em pessoas que experimentam mais emoções positivas. Isso sugere que a felicidade não é apenas sentida, mas também esculpida nas redes neurais ao longo do tempo.

Além disso, a empatia e o altruísmo, atitudes de conexão com os outros, também fortalecem a sensação de bem-estar. Não por acaso, ajudar alguém ou praticar a gratidão ativa as mesmas áreas cerebrais associadas ao prazer e à recompensa. Ou seja, fazer o bem é, biologicamente, também fazer bem a si mesmo.

Mesmo assim, a ciência reconhece que estimular emoções positivas no laboratório é mais difícil do que evocar o medo ou a tristeza. Cada pessoa reage de maneira única a estímulos de alegria. Esse desafio torna ainda mais especial o papel da felicidade como um motor silencioso de saúde e transformação.

No cenário atual, em que doenças emocionais como depressão e ansiedade crescem em todo o mundo, entender o papel das emoções positivas é mais do que interessante: é urgente. Promover ambientes, relações e estilos de vida que favoreçam o surgimento dessas emoções pode ser um dos caminhos mais eficazes para uma sociedade mais saudável, resiliente e feliz.

A ciência confirma o que já se intuía há séculos: cuidar das emoções não é luxo, é necessidade. E a felicidade, mais do que um prêmio raro, pode ser cultivada todos os dias, nas pequenas escolhas, nos pequenos gestos, no jeito de olhar para a vida.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB