João Pessoa, 23 de maio de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Para a Organização Mundial da Saúde, saúde vai além da ausência de doenças. Ela inclui bem-estar físico, mental e social. E este bem-estar, segundo pesquisas recentes, está diretamente ligado à presença de emoções positivas. Essas emoções, como alegria, satisfação e entusiasmo, servem não só para nos fazer sentir melhor, mas também para proteger o organismo, melhorando a resistência ao estresse e prevenindo adoecimentos.
As emoções não são apenas sentimentos vagos. Elas têm bases biológicas claras no cérebro. Estruturas como o sistema límbico, o hipocampo e o córtex pré-frontal estão profundamente envolvidas no surgimento de sensações boas e ruins. Estudos de imagem cerebral mostram que sentir felicidade ativa áreas específicas, como o córtex pré-frontal esquerdo e o estriado ventral, reforçando que a alegria é algo que, literalmente, molda o cérebro.
É interessante notar que emoções negativas, como o medo e a ansiedade, também têm seu valor. Elas surgem como mecanismos de proteção e sobrevivência. O problema não está em senti-las, mas sim em permitir que dominem o cotidiano. Emoções positivas, por outro lado, incentivam comportamentos de aproximação e fortalecimento de vínculos sociais, essenciais para a vida em comunidade.
Outro ponto que chama atenção nas pesquisas é que a felicidade não depende tanto da intensidade dos momentos bons, mas da frequência com que eles acontecem. Pequenos episódios de bem-estar no dia a dia, como uma boa conversa, uma caminhada ao sol ou um gesto de gentileza, têm impacto mais duradouro na saúde do que eventos raros e intensos.
Estudos recentes também mostram que o bem-estar emocional se reflete na estrutura do cérebro. Regiões como a ínsula e o precúneo, que ajudam na percepção do corpo e da própria identidade, se mostram mais desenvolvidas em pessoas que experimentam mais emoções positivas. Isso sugere que a felicidade não é apenas sentida, mas também esculpida nas redes neurais ao longo do tempo.
Além disso, a empatia e o altruísmo, atitudes de conexão com os outros, também fortalecem a sensação de bem-estar. Não por acaso, ajudar alguém ou praticar a gratidão ativa as mesmas áreas cerebrais associadas ao prazer e à recompensa. Ou seja, fazer o bem é, biologicamente, também fazer bem a si mesmo.
Mesmo assim, a ciência reconhece que estimular emoções positivas no laboratório é mais difícil do que evocar o medo ou a tristeza. Cada pessoa reage de maneira única a estímulos de alegria. Esse desafio torna ainda mais especial o papel da felicidade como um motor silencioso de saúde e transformação.
No cenário atual, em que doenças emocionais como depressão e ansiedade crescem em todo o mundo, entender o papel das emoções positivas é mais do que interessante: é urgente. Promover ambientes, relações e estilos de vida que favoreçam o surgimento dessas emoções pode ser um dos caminhos mais eficazes para uma sociedade mais saudável, resiliente e feliz.
A ciência confirma o que já se intuía há séculos: cuidar das emoções não é luxo, é necessidade. E a felicidade, mais do que um prêmio raro, pode ser cultivada todos os dias, nas pequenas escolhas, nos pequenos gestos, no jeito de olhar para a vida.
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EM CAMPINA GRANDE - 21/05/2025