João Pessoa, 08 de julho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A forma como as empresas são geridas está mudando rapidamente. No passado, bastava ter lucro e cumprir a legislação. Hoje, é preciso muito mais: transparência, responsabilidade social, diversidade e cuidado com o meio ambiente se tornaram critérios tão importantes quanto os resultados financeiros. Essa mudança está sendo puxada por uma geração mais consciente, investidores atentos e uma sociedade que cobra posturas éticas e sustentáveis das organizações. No centro desse movimento está um conceito essencial: a governança corporativa.
Governança corporativa é o conjunto de práticas que orienta a empresa a tomar decisões de forma ética, transparente e responsável. Não se trata apenas de burocracia ou formalidades. É uma maneira de garantir que a empresa atue com integridade, respeitando seus funcionários, clientes, parceiros, o meio ambiente e a sociedade como um todo. Empresas com boa governança são mais confiáveis, atraem mais investidores e têm mais chances de crescer de forma saudável e duradoura.
Em 2025, esse tema ganhou ainda mais força no Brasil. Com a pressão global por práticas sustentáveis, empresas brasileiras estão adotando cada vez mais os critérios ESG, sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança. Esses critérios não são moda passageira. São, na verdade, uma exigência do mercado e da sociedade para que as empresas se tornem agentes de transformação positiva no mundo. Um exemplo simples: uma empresa que investe em energia limpa, promove igualdade salarial e presta contas de forma clara está em vantagem competitiva diante das demais.
Outro ponto importante é a diversidade nos conselhos de administração. Muitos negócios estão repensando quem toma as decisões nas altas esferas. A presença de mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ e representantes de diferentes origens traz novas perspectivas, mais criatividade e decisões mais equilibradas. Estudos comprovam que empresas com conselhos diversos têm melhores resultados e são mais bem avaliadas pelo mercado.
Mas não basta apenas mudar os nomes da diretoria. É preciso que essa diversidade se reflita nas decisões e na cultura interna. A governança moderna exige que a empresa seja coerente: aquilo que ela diz deve se refletir na prática, nas relações com os colaboradores e com a comunidade onde atua. Essa coerência é o que constrói a confiança. E confiança, hoje, vale mais do que qualquer campanha publicitária.
A responsabilidade ambiental também entrou de vez na pauta das empresas. Aquelas que não medem sua pegada ecológica ou que continuam poluindo como se o mundo não estivesse em colapso climático perdem não apenas a imagem, mas também clientes e contratos. A nova governança exige que cada ação empresarial seja pensada em relação ao impacto que causa e isso vale para grandes indústrias e também para microempresas.
Na Paraíba, vemos sinais positivos dessa transformação. Negócios familiares estão profissionalizando sua gestão, empresas do setor de energia renovável estão surgindo com modelos transparentes e cooperativas locais têm buscado certificações que demonstram compromisso social. A mudança está acontecendo em todas as escalas. E mesmo que lenta, ela é inevitável porque o mercado está punindo quem insiste em velhos padrões e premiando quem se antecipa ao futuro.
É importante lembrar que governança não é exclusividade de grandes corporações. Qualquer empresa, mesmo pequena, pode (e deve) adotar práticas simples de boa gestão: separar as finanças pessoais das empresariais, ouvir os funcionários, registrar decisões com clareza, prestar contas aos parceiros e ter um código de conduta claro. Essas atitudes demonstram respeito e compromisso com quem acredita no negócio.
A gestão empresarial do século XXI não admite mais amadorismo. Não é mais possível crescer atropelando direitos ou escondendo problemas. Empresas inspiradoras são aquelas que assumem seus desafios, tratam seus erros com honestidade e tomam decisões olhando para o bem comum. Elas não apenas vendem produtos ou serviços. Elas constroem confiança.
E a confiança, uma vez conquistada, transforma qualquer empresa em algo maior: em referência, em exemplo, em inspiração. Porque no fim, governar bem é cuidar. E toda empresa que cuida do que importa das pessoas, do planeta e da sua própria integridade já está, naturalmente, no caminho do sucesso.
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BOLETIM DA REDAÇÃO - 03/07/2025