João Pessoa, 09 de julho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Desde menina que as borboletas me encantam, até eu descobrir a canção de Benito de Paula, “eu sou como a borboleta, tudo o que eu penso é liberdade”, lançada quatro anos antes de eu nascer.
Não era só pela cor bonita, nem pelo jeito leve de voar, não. Era pela coragem de mudar. De virar outra coisa sem deixar de ser ela mesma. Assim como adoro os vagalumes. Coisas do sertão de mim.
Mainha dizia que borboleta era bicho de reza — vinha visitar quem tinha alma sensível.
Eu achava era que elas vinham pra ensinar. Porque bicho que nasce rastejando e vira voo, minha filha, é sabedoria pura. Quanta sabedoria…
Eu passei minha vida borboletando. E ainda estou a voar.
Já fui casulo apertado, escondida em mim mesma.
Já me enrosquei na tristeza, feito mato em cerca velha.
Mas um dia, sem saber como nem por quê,
fui me rasgando por dentro…
e virei cor e alcei voo.
Aprendi que a dor também vira asa.
Que a saudade pesa, mas ensina a pousar com mais cuidado.
Que tem tempo de recolher as asas e tempo de abrir bem grande,
mesmo que o vento esteja contra.
Tem dia que sou azul, sou esperança.
Tem dia que sou preta, sou luto e luto.
Tem dia que minhas asas estão meio puídas.
Mas continuo borboletando.
No peito. Na palavra. No silêncio.
Ser borboleta é se permitir mudar.
É sair do casulo da vida antiga e dizer:
“Eu vou, mesmo com medo.”
E ir. E chegar do outro lado do rio.
Hoje, quando alguém me pergunta quem sou,
eu sorrio e digo com a certeza: Eu sou Antônia.
Sou mulher metamorfose.
Eu sou igual a canção do benito de Paula, “tudo que eu penso é liberdade”
Benito Di Paula – Proteção Às Borboletas (1975)
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BOLETIM DA REDAÇÃO - 09/07/2025