A Nova Tendência do Século: Respirar

Por Antônia Claudino

Observa-se, ultimamente, um fenômeno extraordinário entre as pessoas: a ousadia de… respirar. Sim, respirar.
Virou tendência. Quase um luxo.
Depois de anos acreditando que viver era sinônimo de correr, postar, comparecer, sorrir e “estar bem” por decreto, percebeu-se que o ser humano moderno, esse personagem cheio de compromissos e filtros, começou a desconfiar que talvez só talvez o próprio corpo estivesse pedindo um minuto de paz.
E assim surgem novas modas sociais:
* gente que toma café olhando pela janela (um escândalo);
* pessoas que desligam notificações (ato considerado revolucionário);
* e até quem ousa dizer “não” o auge da libertinagem emocional.
A crônica da vida contemporânea ganhou uma pitada de filosofia: quanto mais correria, menos sentido; quanto mais barulho, menos presença. E, de repente, descobre-se que o silêncio — aquele velho conhecido que sempre foi ignorado está sendo valorizado como se fosse uma joia rara.
Nas rodas sociais mais antenadas, já se comenta:
“Fulana andou cancelando compromissos para cuidar da saúde mental.”
E o grupo inteiro reage como se ela tivesse anunciado uma temporada em Paris.
A verdade é que ninguém aguenta mais viver no ritmo do aplicativo.
O mundo pede pausa.
E quem percebeu isso primeiro foi quem já estava à beira de um colapso discreto aquele tipo de esgotamento que não derruba, mas dá sinais sutis: uma sobrancelha que treme, um suspiro mais longo, um cansaço que não combina com a roupa nova.
E é aí que entra a filosofia contemporânea:
Se é para existir, que seja com elegância.
Se é para enlouquecer, que seja devagar.
E, se é para continuar vivo, que se respire de preferência com estilo.
Assim, a nova elite do bem-estar introduz o conceito que pode muito bem ser o nome da próxima grande tendência espiritual:
“Paz, mas com presença.”
Um movimento silencioso, quase imperceptível, mas que já conquista adeptos entre os que finalmente entenderam que a vida não precisa ser corrida de gala…
às vezes ela só precisa caber dentro do próprio peito.

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