Se tivesse que ser definida,  que eu fosse uma metamorfose constante. A vida é um processo incessante de transformação, onde a cada dia, ao acordar, sinto que deixo um pouco de mim para trás e dou espaço a novas versões. Recolho-me com frequência no meu casulo, um espaço sagrado onde me permito refletir, sonhar e, principalmente, me reinventar. E quando finalmente saio desse abrigo acolhedor, já não sou mais quem eu era. Sou transformada.

É curioso pensar que a cada renovação de corpo, pele, asas e alma, me vejo diante do desafio de descobrir quem realmente sou. A identidade é um conceito tão fluido e dinâmico; às vezes parece que estou em um labirinto de espelhos, onde cada reflexão revela uma faceta diferente. Essa busca incessante por um eu estável pode ser angustiante, mas também é libertadora. Afinal, como poderia eu me limitar a uma única definição?

Saber exatamente quem sou é impossível em meio a tantas mudanças. Cada experiência vivida traz consigo lições que definem minha essência. As alegrias e tristezas se entrelaçam em uma dança complexa, e o que antes me parecia sólido agora é apenas uma sombra do que fui. Mas mesmo diante dessa incerteza, sinto que me torno alguém melhor para mim e para o mundo a cada dia que passa.

Talvez isso me basta. A ideia de que o progresso não precisa ser linear ou definido é libertadora. Cada passo em direção à autodescoberta é um triunfo em si mesmo. Não preciso ter todas as respostas; posso simplesmente abraçar o mistério da vida e seguir em frente com confiança.

Quem sabe amanhã eu acorde com novas cores nas asas ou uma nova perspectiva sobre a vida? E tudo bem! Essa fluidez é o que torna a travessia tão fascinante. O importante é continuar voando, mesmo que às vezes eu preciso voltar ao casulo para recarregar as energias.

Entre mudanças e redescobertas, navegando pelos altos e baixos dessa metamorfose diária. E enquanto eu continuar acreditando na beleza da transformação, sei que estarei sempre no caminho certo – mesmo sem saber exatamente aonde ele leva. Afinal, ser uma obra em constante evolução é o verdadeiro significado de viver plenamente.

É isso, eu me transformo em outras.

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