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Bacharel, Especialista e Mestre em Administração (UFPB/UNP). Mestre Internacional em Comportamento Organizacional e Recursos Humanos (ISMT – Coimbra/Portugal). Especialista em Neurociências e Comportamento (PUC-RS) e em Inovação no Ensino Superior (UNIESP). Membro Imortal da Academia Paraibana de Ciência da Administração (Cadeira 28). Professor universitário (UNIESP), consultor empresarial, palestrante e escritor best-seller da Amazon. E-mail: [email protected]

Como Hábitos Atômicos Podem Transformar o Ambiente de Trabalho

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publicado em 25/04/2025 ás 07h38

Era uma manhã comum de trabalho, mas com uma diferença: um colaborador resolveu começar o dia organizando sua mesa, desligando notificações e anotando suas três prioridades. Ninguém percebeu de imediato, mas dias depois, outros começaram a fazer o mesmo. Sem ordens, sem metas impostas, apenas seguindo um exemplo. Esse é o espírito dos hábitos atômicos: mudanças pequenas, mas consistentes, que provocam grandes transformações ao longo do tempo.

A ideia não é nova, mas ganhou força nas empresas que buscam uma gestão mais humana e inteligente. Para entender melhor esse fenômeno, conversamos com a professora Doutora Iany Cavalcanti da Silva Barros, psicóloga com vasta experiência em comportamento organizacional. Segundo ela, “a chave é o poder do efeito composto, hábitos pequenos e consistentes se acumulam ao longo do tempo, levando a grandes mudanças.”

Iany explica que a formação de hábitos saudáveis, como pausas estratégicas, boa alimentação e pequenas rotinas de organização, podem impactar diretamente a produtividade e o bem-estar. “Esses microcomportamentos influenciam o humor, reduzem o estresse e favorecem a concentração. A repetição cria padrões automáticos que se tornam parte do nosso jeito de ser”, ressalta.

Mas por que tanta gente desiste no meio do caminho? A psicóloga aponta alguns vilões invisíveis: falta de clareza nos objetivos, procrastinação, ausência de recompensas imediatas e, principalmente, a resistência à mudança. “Vivencio isso todos os dias. As pessoas dizem ‘eu estou bem assim, não me peça para mudar’. Mas sem clareza e incentivo, qualquer novo hábito morre na intenção”, afirma.

No ambiente organizacional, esses pequenos atos se multiplicam. Um colaborador que chega no horário, comunica-se de forma transparente e organiza seu tempo contagia os colegas. Por outro lado, hábitos negativos também se espalham com facilidade. “A cultura de uma empresa é feita da repetição dos comportamentos individuais. O que se repete vira padrão. O que é valorizado vira regra.”

Segundo Iany, líderes e gestores têm um papel estratégico nesse processo. Devem ser modelo, mas também promotores de ambientes propícios à mudança. “É preciso parar de esperar heróis e começar a olhar para as microações. Reforçar pequenas vitórias, flexibilizar rotinas e dar espaço para o bem-estar podem parecer gestos simples, mas são potentes.”

A psicologia cognitiva mostra que a repetição diária de pequenas ações consolida caminhos neurais e redefine nossa identidade. “Alguém que se compromete com pequenos atos de organização começa a se ver como uma pessoa organizada. E isso retroalimenta o comportamento. A identidade muda junto com o hábito”, explica.

Na visão de Iany, uma organização que estimula esses passos cotidianos está, na verdade, moldando sua própria cultura. Criar contextos favoráveis, investir em saúde mental, incentivar o trabalho em equipe e valorizar o esforço constante são formas de transformar o clima interno com leveza e consistência.

Para ela, o segredo está na simplicidade com compromisso: “Tudo que parece já existir pode ser redesenhado a partir de uma ação inovadora e comprometida com o bem. Vamos estimular os pequenos passos. Um por cento a mais, por dia, já é garantia de mudanças significativas.”

No fim das contas, transformar a cultura de uma empresa não é um ato revolucionário, mas sim uma sequência de pequenos gestos conscientes. E, como nos lembra Iany Cavalcanti, “hábitos atômicos não são sobre fazer mais, são sobre fazer melhor, com intenção e constância.” Para quem quiser se aprofundar nesse tema, indico a leitura do livro Hábitos Atômicos, do autor James Clear.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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