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EXPANSÃO

China coloniza oceano “plantando” ilhas em corais

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publicado em 13/09/2014 às 15h31

A  China entrou na briga por terras no Mar Meridional Sul ao lado das Filipinas, do Vietnã e de Taiwan, que também reivindicam fatias na região. Mas a estratégia chinesa vai mais longe.

O governo do país começou a construir ilhas artificiais no oceano para poder plantar o seu poder por ali. E, diante do poderio militar naval dos chineses, isso poderia representar inclusive uma ameaça ao domínio militar americano no Pacífico.

O repórter da BBC, Rupert Wingfield-Hayes, foi enviado ao Mar Meridional para investigar a situação e relata o que encontrou por lá:

O barco vai se movendo lentamente de cima a baixo, de um lado ao outro. O ruído do motor estremece a superfície e tortura a minha cabeça. Com a camisa molhada de suor e grudando no peito, dormir se torna simplesmente impossível.

Levamos mais de 40 horas navegando pelo Mar Meridional da China. Na maior parte do tempo, na velocidade de alguém andando a pé. “Quem pode querer ser pescador?”, me perguntava em voz alta.

E de repente me chama a atenção uma espécie de plataforma no horizonte. Parece uma plataforma de extrair petróleo. Mas o que isso está fazendo aqui? Seguimos nos aproximando e já é possível ver algo que parecia terra. Olho para o GPS e ele não mostra nada, nenhuma ilha ou pedaço de continente por perto.

Mas sei que meus olhos não estão me enganando. É uma ilha, algo que não estava ali algumas semanas atrás. Tentamos nos aproximar mais, mas o início de uma tempestade nos obriga a voltar para o rumo anterior.

Consigo avistar outra ilha. Essa, sim, eu já esperava encontrar. Cheguei a ver fotos aéreas dela, registradas pelas Forças Armadas das Filipinas.

Elas mostram o trabalho que a China está fazendo no local desde janeiro, plantando ilhas artificiais para exigir a posse de terras na região.

Vejo caminhões, guindastes, grandes tubos de aço e uma equipe inteira trabalhando na construção. Há milhões de toneladas de rocha e terra dragadas do fundo do mar e empilhadas sobre bancos de corais para formar novas terras.

Sobre um bloco de concreto, um soldado nos observa com seus binóculos.

Novas ilhas

O surgimento de novas ilhas faz parte de uma mudança dramática de estratégia nesta disputa territorial que existe há muito tempo na região entre China, Filipinas, Malásia, Taiwan e Vietnã.

Apenas China e Taiwan reivindicam tudo: não só as Ilhas Spratly, mas também os arrecifes de Scarborough (ou da Democracia) e as ilhas Paracelso. As Filipinas e o Vietnã também reivindicam grandes áreas, incluindo grande parte das Ilhas Spratly.

Até o começo deste ano, a presença chinesa nas Ilhas Spratly se limitava a um punhado de concreto sobre ilhas de corais.

Agora, já estão construindo ilhas sobre cinco arrecifes.

Na verdade, em um deles parece estar nascendo uma base aérea, com uma extensão grande o suficiente para ser usado como pistas para aviões de combate.

A estratégia é usada para compensar uma grave escassez de chineses na área. Entre os países reivindicando porções do Mar da China Meridional, a China é o único que não tem sob seu controle uma verdadeira ilha.

Os chineses só têm arrecifes. O de Johnson Sur foi tomado por eles em 1988 em uma batalha sangrenta contra o Vietnã, que deixou 70 combatentes vietnamitas mortos. Desde então, qualquer tipo de confronto militar foi evitado.

Durante décadas, a questão parecia esquecida, mas em 2012, o Partido Comunista reclassificou a zona como “de interesse nacional essencial”. Foi o sinal de que o interesse dos chineses na área não tinha morrido.


BBC Brasil 

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