João Pessoa, 25 de setembro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Os astros, as formigas, o rio, as pessoas, o pensamento, o pó e o sal da Terra, tudo zanzando por aí, em si e além de si, um simples pulsar do ser, quase sempre abruptas revoluções.
Por isso que o céu é majestosamente lindo, o palco onde nasce o dia, o horizonte onde o Sol, à nossa vista, repousa por uma noite. Estar é ser, mas o ser é um risco que não se permite no passado. Tampouco no futuro, afinal é movimento e para isso, com o tempo, esse motor da orientação humana, é montado em si mesmo e só consigo compactua. Tudo é presente, mas esse já se foi, andou.
Se a mudança é a lei, o movimento é. O ser e o devir amalgamados em uma só manifestação, subjugados às forças do ser e do não-ser, afinal, ninguém se banha duas vezes no mesmo rio, já dizia Heráclito.
Se essa é a vontade “do que aí estar”, se a mudança está escrita nas dobras da existência e, em potência, naquilo que ainda sequer chegou a ser, uma pergunta se impõe com cara de abismo: para que esse ir-se eterno? A que custo? Gasto de energia monumental, infinito, talvez…
Para que o fluir constante, o girar, esse espalhamento cósmico, a dança, o esgarçamento de tudo e em tudo? Em direção a quê? Seria esse Deus spinoziano algo que se cria constantemente, eterna construção e não algo já definido e acabado?
Isto explicaria tantas coisas! Na autoconstrução das suas especificidades, as sobras, os dejetos, sobejos, tudo em contorções oriundas dos ajustes das placas tectônicas das convulsões divinas…
Ai, meu Deus, porque não aproveitas as dores desse mundo e as engole como menino que engole o choro? Porque não pousar, desligar os motores, parar de bombear mudanças, se deitar no berço esplêndido da inércia, pôr fim ao movimento?
Não seria mais econômico, gasto zero de energia, se tudo estivesse inerte? O tempo, o sabiá, a Lua, as folhas, os pensamentos, a consciência, tudo? A imutabilidade da alma e dos planetas, das pessoas e das lesmas, das estrelas e dos raios, dos macacos, das maldades e das bondades?
Sei não. Seria a morte da morte. E da vida também. Não. Não valeria a pena. Melhor deixar esse foguete por aí. Nossa sina é voar.
@professorchicoleite
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NA ONU - 23/09/2025