José Nunes
No sábado de maio com nuvens esparsas, vento e sol de final de verão, e lua crescente, a Academia Paraibana de Letras, numa iniciativa do professor e imortal Milton Marques Júnior e o aplauso de todos acadêmicos, foi instituído o Dia do Poeta Augusto dos Anjos que, a cada 20 de abril, a Paraíba fará memória deste que trouxe a poesia para o espaço privilegiado na literatura mundial.
O sol, o vento, as nuvens e a lua completaram a paisagem das homenagens ao poeta maior, como tantas realizadas, mas que, mesmo assim, está sempre a carecer de ser lembrado e estudado.
O Dia do Poeta Augusto dos Anjos integrará o poeta a outro patamar para ser lembrado pelos seus admiradores e, também, espera-se, nas escolas seu nome continue sendo exaltado como um dos luminares da poesia universal.
Mesmo que em décadas passadas este poeta tenha sido objeto de estudos e lido em grupos restritos, apesar de sua grandiosidade, aos poucos nas Universidades seu nome apareceu nas teses e mestrados. No entanto, o leitor comum, esses iletrados que frequentam as anônimas rodas de conversas e barulhentas mesas de bares, não deixaram de buscar seus poemas para acalentar suas mágoas.
O poema Versos Íntimos me parece ter caído no gosto do leitor. Aquele leitor que não busca teorias. O certo é que o povo, ao tomar conhecimento da poesia de Augusto dos Anjos, mesmo com suas limitações de conhecimento, com ele logo se identificou e o manteve vivo. Tão vivo que as Universidades e os centros acadêmicos perceberam isso, mesmo que tardiamente.
Apesar de se reconhecer a importância dos mestres em literatura que se debruçaram sobre a poesia de Augusto, na tentativa de desvendar seus mistérios, não se pode negar que a participação do poeta Ronaldo Cunha Lima, respondendo perguntas sobre a obra do conterrâneo em programa de televisão, abriu os olhos de muitos para a importância deste poeta na conquista de leitores.
Nas últimas décadas, sobretudo na Paraíba, a partir dos anos 90, quando os poderes públicos voltaram seus olhares para o velho engenho Pau d’Arco e professores integrantes de Universidades dedicaram tempo a olhar a obra dele, surgem as luzes que tanto se espera para perpetuar a obra poética deste que é, sem dúvida, um dos cinco maiores poetas brasileiros.
Mas desejo ressaltar o esforço de alguns apaixonados por Augusto dos Anjos demonstram, entre os quais, professores e acadêmicos integrantes da Academia Paraibana de Letras, que se dedicam na busca de perpetuar ainda mais o olímpico nome da nossa Poesia.
Se muitos têm demonstrado esse apego à obra de Augusto, com palavras e gestos, entre os quais destacaria o professor Milton Marques Júnior que, incansável, expõe suas ideias para perpetuar a obra e a imagem deste inigualável poeta conterrâneo.
A instalação do Dia do Poeta Augusto dos Anjos é uma dessas iniciativas que Milton apontava quando de sua posse como imortal de nossa Academia Paraibana de Letras, fazendo plantar uma muda da árvore símbolo de Augusto, o tamarindo sob a sombra do qual tinha seus devaneios.
Talvez a modesta homenagem que a Paraíba prestou no passado ao poeta, numa iniciativa da APL e da Associação Paraibana de Imprensa, ao colocar seu busto na Lagoa do Parque Solon de Lucena, tenha sido uma semente que tantos anos depois começa a dar novos frutos. O tão almejado e sonhado Museu Augusto dos Anjos ganhará vida, a ser instalado em casa próxima à sede da Academia, desapropriada pelo governo do estado com essa finalidade.
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