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Francisco Leite Duarte é advogado tributarista, auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, doutor em direitos humanos e desenvolvimento. Na Literatura, publicou os romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias (“Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas.

Onde houver ódio, que eu leve o amor

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publicado em 28/11/2025 ás 10h56
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De Uiraúna, cheguei em Sousa em 1979, mês de setembro, acho. No Colégio Polivalente II, conheci, em 1980, uma turma muito querida, e logo fui convidado para frequentar as reuniões da Juventude Franciscana – a inocente e juvenil JUFRA.

Foram os meus primeiros amigos na cidade “sorriso”. Perdoem-me os que, porventura, agora, não sejam lembrados. Não é má querência, mas o tempo adora pregar peças naqueles que nele deitam suas redes de balançar. Eu me penitencio.

Éramos liderados pelos Severianos (Damião e Cosmo), a inteligência, a conversa espalhafatosa, as risadas, a escrita escorreita, a religiosidade extremada, a responsabilidade com os estudos e o trabalho… Em torno deles, como mariposas ao redor da luz, girávamos e girávamos, felizes.

A turma era grande. Marcos Figueiredo, Junior e Salomão Pordeus, Sônia, Marta, Josa, Isnaldo, Fátima, Formiga, Lucinha, Júlio Cesar, Toinho, Messias, Wilson… Meu Deus, quem mais? Claro, o Bairro da Estação mantinha o domínio absoluto, afinal, a JUFRA, embora mantendo alguns dos seus pés na classe média da cidade, sempre foi, de certa forma, periferia.

Salvo engano, as reuniões ocorriam no sábado, em uma casa, no centro da cidade, às dezenove horas. No primeiro dia, vesti a única roupa de sair. Uma camisa simplesinha, mas feita com muito amor por minha irmã Flaviana. Camisa branca, mangas compridas, vaidosa, cheia de vergonha e de esperança.

Que noite difícil! Quando fui convidado a me apresentar, esqueci meu nome e todas minhas circunstancias, afinal a “beradeiragem” estava na crista da minha onda, ainda resmungona pelas coisas da zona rural que eu deixara um ano atrás, onde a timidez possuía toda a minha alma jovial.

Decerto – e vejo muita legitimidade nisso – que alguém possa questionar: quem se interessa por isso? Perder tempo com uma bobagem dessas?

Não é difícil justificar. Em Sousa, tudo começou na JUFRA. Eu enchia os pulmões, toda inocência cantando em grau exponenciado:

“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz
Onde houver ódio, que eu leve o amor
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão
Onde houver discórdia, que eu leve união
Onde houver dúvida, que eu leve a fé”

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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