João Pessoa, 21 de outubro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Valho-me das teimosas de coisas quando eu era menino e jogava pedra nos telhados das casas do sertão e levava pisa da minha mãe, pelas repetidas reclamações, e, claro, ficava uma semana preso em casa.
Sensação muito ruim essa tal de prisão domiciliar.
Lembro de uma vez em que eu estava recluso, só podia ir para a escola e chegou uma reclamação, de que eu tinha quebrado vários telhados e ouvi quando minha mãe disse: “dessa vez, não foi ele”.
Isso dela ter me defendido e quem tem fama deita na cama, a tal queixa, que daquela vez falhou, me empurrou para a construção da vida, a quase solidez impossível de tantas outras coisas que ainda estão em mim: o desígnio das andorinhas, meu coração de menino, o vento, os banhos na chuva, a flor de cacto e outras esquinas que ainda indicam uma necessidade de buscar algo perdido. Há quem diga que morrer é só dobrar uma esquina.
Por que estou escrevendo isso? O limite da invenção de todas as coisas dá como afirmação de uma consciência poética. Ah, então o K está a dizer licença poética? Ok, noves fora, nada. Ou como disse Rainer Maria Rilke: “em mim, tenho medo somente daquelas contradições com tendência à conciliação”
À margem de outras experiências declaradas no escuro, algo novo que se transformou sensível no sentido de uma recepção simultânea e bem correspondido, não traz garantias.
Eu sou um fulano qualquer (que possibilitou a um Bandeira colocar a poesia em meu colo), e eu a viver a experiência mais livre possível do símbolo como símbolo, na rarefação do estado de espírito que Drummond conheceu e atribuiu a quem vive sua morte no poema “Nudez”.
Falando em morte, eu quero continuar vivendo depois que eu morrer.
Kapetadas
1 – Amor é ótimo. Até quando é ódio.
2 – É assustador como as pessoas estão emburrecendo e fazendo qualquer coisa por clicks e engajamento.
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