João Pessoa, 21 de outubro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O outono cá nos trópicos e eu bem sei que é a natureza brincando de ser artista.
E, convenhamos, ela capricha. Mistura tons como quem entende de alma — um pouco de melancolia aqui, um sopro de aconchego ali. É o tempo em que as folhas se despedem sem drama, caem com elegância e se transformam em tapete dourado para os recomeços. Estamos aí
Sempre gostei do outono. Ele me ensina sobre a a força e a beleza das pausas, sobre o poder do desapego. Nada nele é pressa. Tudo é aceitação. É a estação que entende que nem sempre perder é o fim — às vezes, é só o jeito que a vida encontra de abrir espaço para o novo florescer. Não tenho dúvidas.
As árvores, vaidosas, trocam de roupa sem medo do frio que vem. Nem sempre precisamos estar no verão, para estarmos no Outono.
E eu, observando daqui, percebo o quanto a alma também muda de cor de tempos em tempos.
Há dias em que estamos verdes de esperança; noutros, amarelamos de saudade; e, em alguns, apenas deixamos cair o que já não nos cabe mais. São folhas secas.
O outono é, na verdade, um espelho.
Nos mostra que tudo tem um ciclo, que até o mais belo dos verdores precisa, um dia, se recolher, mas é nesse recolhimento que mora a arte: o recomeço silencioso, o gesto de confiar que, depois do vento, virá a primavera.
Talvez a natureza brinque de ser artista só pra nos lembrar que nós também podemos ser — que a vida é feita de tintas, de traços, de borrões e de luzes que que se apagam a sorrir, em cada estação da alma.
Entre folhas e sentimentos, aprendendo com o outono a arte de deixar ir… e continuar bonita mesmo depois da queda.
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