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Francisco Leite Duarte é advogado tributarista, auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, doutor em direitos humanos e desenvolvimento. Na Literatura, publicou os romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias (“Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas.

Contingências, contingências…

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publicado em 10/10/2025 ás 11h49
atualizado em 10/10/2025 ás 11h50

Foi em 2013. Sei lá que milagre foi aquele! Um professor de Direito Tributário, de uma instituição particular da Paraíba, “sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior”, lançar seu primeiro livro logo na Bienal Internacional do Livro de Pernambuco! Esse Chico Leite dá nó em pingo d’agua, disseram.

Não só isso. O feito foi bem maior. A publicação ocorreu pela Revista dos Tribunais, seguramente uma das maiores casas editoriais em livros de Direito no Brasil. Não me perguntem como lá cheguei. Posso-lhe adiantar que uma poesia amalucada do juízo abriu as portas, de tal modo que hoje esse livro já vai para a 5ª edição!

Lembro-me como se fosse hoje. Quase não chegamos a tempo. Havia uma manifestação de alguma categoria que fechava as rodovias e não deixava ninguém passar. Morando em João Pessoa, seria um crime o ‘tadinho” de mim não chegar a tempo em Recife.

Contratei um taxi, rezei mais do que quando crianças rezava para não ser, à noite, amedrontado por alguma alma. Cortamos caminho, cruzamos o canavial, nos perdemos, demos meia volta, renovei a fé. fechei os olhos. Chegamos.

Vi meu “Direito tributário: teoria e prática” na estante da Revista dos Tribunais. Tremi. Peguei-o nas mãos, lambi a cria…Tem coisas que, por incompetência, é melhor não tentar dizer o indizível da emoção para não perder o encantamento. Eu calo.

Hoje, dia 11 de outubro, doze anos depois, era para eu estar de volta a Recife. Sim, de volta à Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, a XV. Em outra situação, para apresentar meus livros de ficção.

Estaria em excelente companhia. Tudo acertado com o “Danado de Bom”, o primeiro grupo de leitura nordestina do Brasil e rede de divulgação de escritores nordestinos, sob o comando da Marla Moreira, em parceria com a Livraria Palavra encantada.

Não deu. Lamento. Como lamento! Há coisas que, embora o plantio tenha se dado em terra fértil, o adubo tenha sido de bom tamanho, a chuva tenha se derramado na hora certa, ainda assim, porque não dominamos as contingências dessa vida louca, a colheita é adiada. Tem nada não. O Rio de Janeiro vem aí. E guardo grandes novidades!

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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