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Francisco Leite Duarte é advogado tributarista, auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, doutor em direitos humanos e desenvolvimento. Na Literatura, publicou os romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias (“Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas.

Nossas escolhas

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publicado em 06/06/2025 ás 07h00
atualizado em 05/06/2025 ás 20h51

Somos feitos de escolhas, pois o que fica para trás confirma as nossas decisões. Não é possível ter tudo a um só tempo. Decidir é resolver uma tensão entre duas ou mais necessidades que, quase sempre, reciprocamente, se rejeitam. Muitas vezes, decidir é apenas a aceitação de uma imposição, uma férrea realidade que chantageia e a quem chamamos “livre arbítrio”.

Decidir bem é uma arte, mas há decisões que só aparentemente estão sob os nossos desígnios. Talvez, a maioria delas seja um comando: dos nossos átomos, das nossas circunstâncias, dos nossos genes, dos nossos pais, da nossa impotência, dos amigos ou do acaso.

Sim. Somos feitos do barro delas e das suas entranhas enigmáticas. As escolhas verdadeiras têm, no mínimo, dois lados, um contrário ao outro, cada qual mais tentador. No meio deles, uma mente atormentada.

Toda indecisão é limites. Guarda os dois lados grávidos e irritadiços das alternativas que se nos impõem. Escolher é redenção e dor.  No espaço reduzido das escolhas, há salvação e condenação afinal, em tudo reside a natureza binária dos benefícios e dos malefícios. A decisão por uma das alternativas impõe a recusa da outra, o que nos favorece ou não. Em verdade, trata-se de uma lei mais forte do que a da gravidade: escolher é ganhar e perder ao mesmo tempo.

Ainda que seja assim, há decisões que são melhores do que outras, sejam elas decorrentes da vontade livre (se isto existir), sejam elas resultantes das forças imponderadas da existência. Tudo é mesmo contingente, como as nuvens do céu que, de uma hora para outra, se transformam em uma bela torre de marfim ou em uma besta fera de sete chifres endiabrados.

Se decidir é isto, com seu apelo para a liberdade ou para a perdição, tem algo bem pior: não decidir. O meio termo entre as placas tectônicas da vivência e do agir humano é, paradoxalmente, uma decisão, a suprema dor dos impotentes. Todavia, nem tudo é simples assim… Ah, senhores e senhoras, há decisões que rasgam a nossa alma!

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