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Francisco Leite Duarte é advogado tributarista, auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, doutor em direitos humanos e desenvolvimento. Na Literatura, publicou os romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias (“Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas.

Fiquem tranquilos

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publicado em 09/05/2025 ás 07h00
atualizado em 08/05/2025 ás 21h03

O tempo não existe. É invenção humana, a forma de sentir o pulsar da existência, afinal somos enchentes e vazantes nesse leito derramado da consciência, o registro de uma vontade inexplicável chamada vida. A morte também é lei. Não há quarto minguante sem lua quarto crescente, nem cheias sem a fartura dos espaços vazios, querências sem repugnâncias.

Além dessas vivências, o tempo não tem efeitos. Que o diga as formiguinhas que, sequer, olham para o mistério grandiloquente das suas existências. Se morrem em poucas semanas, é na contagem dos humanos, não daqueles insetos que vivem absortos no palco fabuloso das suas vidas, contemplando o infinito verde que carregam às costas.

Tudo bem, tudo bem. Dirão que duvidar da existência do tempo é o mesmo que o peixe negar a existência da água onde nada; o ar onde os animais transitam; o contexto em que o texto tece suas narrativas; o espaço onde se propaga a energia…

O problema é que os peixes não se apartam da água em que vivem; os animais não se separam do espaço em que plantam a existência; o texto não tem sentido sem o sentido do contexto nem a energia cria milagre algum sem o meio que a faz se propagar por aí afora.

Nessas condições, nem há tempo, qualquer átimo de tempo há para a realização de uma operação que separe uma da outra coisa. Ora, ora, até os flamenguistas sabem: O tempo não opera se não existe alguém para observá-lo e dele distinguir-se.

Peixe e água; animais e espaço; texto e contexto, cada par exemplificativo é a mesma realidade em suas unas compostura e configuração de “estar-aí”.

Os humanos, não. Embora seus corpos e mentes estejam amalgamados em um mesmo invólucro e mar de existência, ainda assim têm o entendimento de que não são como os peixes, a água, os outros animais, a energia. É por isso que se separam do tempo e neles veem, objetivados, fim e começo, como se dele fossem separados, afinal, nós somos cheios de vícios epistemológicos.

Ilusão. A consciência pensa o tempo e dele se separa. No mais, somos o templo das nossas vida e morte. Vida e morte, a bússola humana; o tempo, o círculo virtuoso do nascer e da renovação. O que queremos mais?

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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