João Pessoa, 08 de outubro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Tem dia em que a alma amanhece silenciosa. A gente acorda, faz o café, veste o sorriso de sempre mas por dentro há uma névoa leve, uma tristeza que não grita, só pesa. Não é fraqueza, é cansaço. Cansaço de acreditar, de esperar o melhor dos outros, de apostar em corações que não sabem lidar com a verdade.
Hoje é um desses dias. E tudo bem. A vida também é feita desses vazios, desses respiros onde o coração recolhe as próprias feridas para entender o que aprendeu. Porque por trás da decepção mora sempre um ensinamento. Duro, mas necessário.
Com o tempo, a gente aprende a não esperar reciprocidade de todo mundo. Aprende que nem todo gesto bonito vem de um sentimento bonito. Que há quem se aproxime por curiosidade, quem elogie por interesse e quem só saiba ficar enquanto é conveniente.
Dói, claro. Mas dói menos quando a gente entende que o outro só dá o que tem. E que não vale a pena insistir em quem não entende a leveza da nossa entrega.
Eu sigo assim: um pouco triste, um pouco mais forte. Porque tudo passa o engano, a mágoa, o aperto no peito. Tudo se ajeita quando a alma decide não se perder tentando entender o que não tem explicação.
O tempo, esse velho sábio, vai colocar cada coisa no seu lugar. E enquanto isso, eu respiro. Eu confio. Eu sigo. Aprendo a me bastar e a me cuidar, mesmo quando o mundo não retribui na mesma medida.
Há em mim uma fé serena, mesmo cansada. Porque, no fundo, sei: quem planta verdade pode até chorar um tempo, mas depois floresce com ainda mais beleza.
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DIZ MP - 06/10/2025