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Adolescentes e redes: como proteger a saúde mental em tempos de exposição digital

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publicado em 13/09/2025 ás 09h10
atualizado em 13/09/2025 ás 09h11

A adolescência é uma fase marcada por transformações físicas, emocionais e sociais. O uso frequente das redes sociais por jovens tem gerado preocupações sobre a saúde mental, aumentando os riscos de ansiedade e depressão. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 10% e 20% dos jovens em todo o mundo sofrem com depressão, enquanto o suicídio é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde.

A psicóloga da Hapvida, Michelle Costa, afirma que os impactos das redes sociais são ambíguos, já que elas podem aproximar adolescentes de amigos e familiares, diminuir a solidão e oferecer acesso a informações e conteúdos educativos. Por outro lado, o uso excessivo pode gerar isolamento, comprometer o sono, reduzir o desempenho escolar e aumentar sintomas de ansiedade e depressão.

Um dos principais riscos apontados pela especialista é a comparação com padrões irreais de beleza e sucesso. Ao acompanhar influenciadores digitais que expõem rotinas consideradas perfeitas, muitos jovens passam a desejar um estilo de vida inalcançável. “Quando se deparam com a realidade, a frustração é intensa e, em muitos casos, o adolescente não sabe lidar com isso emocionalmente, o que pode desencadear baixa autoestima, ansiedade e até quadros depressivos”, afirma Michelle.

Adultização – Nos últimos dias, o tema “adultização infantil” voltou ao debate público após um vídeo do youtuber Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca. No material, ele denuncia a exploração de crianças e adolescentes nas plataformas digitais, incluindo casos de sexualização precoce associada à monetização de conteúdo.

Segundo Michelle Costa, a adultização infantil ocorre quando crianças e adolescentes passam a assumir comportamentos e responsabilidades de adultos, perdendo a oportunidade de viver plenamente a infância. “A internet potencializa esse processo, expondo as crianças e os adolescentes a conteúdos inadequados, que podem levar à sexualização precoce e ao desenvolvimento de comportamentos típicos de adultos, em vez de vivenciarem seu desenvolvimento natural”, alerta a psicóloga.

A psicóloga explica que isso pode comprometer o desenvolvimento cognitivo e a saúde mental, gerando consequências psicológicas como ansiedade, estresse, baixa autoestima, dificuldades de socialização, problemas comportamentais, perda da infância. “Crianças e adolescentes precisam de espaço para brincar, aprender e crescer no seu tempo, sem pressões para antecipar fases que não são compatíveis com sua idade”, relata a especialista.

Cuidados – Michelle aponta que os pais devem ficar atentos a sinais de sofrimento emocional nos filhos, como isolamento intenso em frente ao celular ou computador, apatia, tristeza, fuga da realidade e agressividade quando contrariados. Além disso, para promover hábitos saudáveis e reduzir o impacto das telas, é recomendada a adoção de limites no uso de dispositivos eletrônicos, incluindo restrição do tempo de acesso às redes sociais, e a estimulação de atividades alternativas, como esportes, leitura e convívio social.

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