João Pessoa, 08 de agosto de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Após o depoimento desta quarta-feira (8) à CPI do Cachoeira, a ex-mulher do contraventor, Andréa Aprígio, passa a ser tratada também como investigada. A afirmação é do relator, senador Odair Cunha (PT-MG), para quem Andréa deixou de explicar muitos fatos indicados nas investigações. Andréa é apontada como laranja em empresas ligadas à organização de Carlinhos Cachoeira.
– São evidências muito contundentes. Ela vem à CPMI como testemunha e, sem dúvida alguma, sai como investigada.
Andréa compareceu à CPI amparada por habeas corpus que lhe garantia o direito de permanecer em silêncio. Mesmo assim, ela concordou em falar à CPI em reunião secreta, mas não respondeu a todas as perguntas feitas pelos parlamentares, especialmente com relação à sua evolução patrimonial. Para Odair Cunha, ficou claro que as relações da depoente com o ex-marido não são só pessoais.
– Os vínculos não são só pessoais. São vínculos negociais, vínculos econômicos, e isso reforça a necessidade de continuarmos investigando essa organização criminosa – afirmou.
A opinião de que a situação de Andréa se complicou é compartilhada pelo presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e pelo deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Para eles, o silêncio em questões simples é difícil de explicar.
– É evidente que o silêncio fala. E o silêncio a condena. Ela não responde sequer coisas do cotidiano da vida dela de empresária. Andréa sai deste depoimento como cúmplice de Cachoeira. Agora o esforço vai ser provar isso – opinou o deputado.
Rubmaier
Sobre o depoimento do contador Rubmaier Ferreira de Carvalho, ainda há dúvidas por parte do relator quanto ao seu papel na organização. Rubmaier também tinha decisão favorável ao direito de ficar calado, mas respondeu à maioria das perguntas dos parlamentares.
Apontado pela Polícia Federal como responsável pela abertura de empresas de fachada usadas para lavar dinheiro, o contador alegou que não foi o responsável pela criação das empresas, apesar do uso de seu nome. O relator chegou a se referir a “contadores fantasmas” em entrevista após o término dos trabalhos.
– O depoimento do Rubmaier reforça a necessidade de continuarmos investigando essa organização criminosa que cria empresas e pode estar usando o nome de contadores – afirmou.
Próximos passos
Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), os depoimentos não acrescentaram muito à investigação. Na opinião do senador, é preciso ouvir o ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, além de reconvocar Carlinhos Cachoeira, que ficou calado durante seu depoimento em maio.
– Temos que buscar os artífices principais desse escândalo de corrupção, principalmente no que diz respeito ao desvio do dinheiro público através de contratos generosamente celebrados com a Delta – disse Alvaro Dias.
Os requerimentos para a convocação de Pagot e Cavendish foram aprovados em julho, mas ainda não há data para os depoimentos. A decisão pode sair na próxima terça-feira (14), quando será realizada reunião administrativa da CPI.
Na quarta-feira (15), devem ser ouvidos Rosely Pantoja, sócia de uma das empresas suspeitas de integrar o esquema da organização, e Edivaldo Cardoso de Paula, ex-presidente do Detran de Goiás, que aparece em ligações interceptadas pela polícia conversando com integrantes do grupo.
Agência Senado
- 26/08/2025