João Pessoa, 06 de julho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Parece que Gal foi dançar com seus ancestrais, consolo nosso, desse jeito brasileiro, que não consegue se acostumar com as perdas, mas é essa a sensação que a música de Gal passa pra gente. Quem ouvirá Gal Costa daqui a cem anos?
Vanessa tem uma voz única e bateu saudades da voz de Gal. Impressionantes os perfis que não param de brotar, se multiplicam nas redes sociais – @galtropical, @galinternacional @galtodas – tantos fãs, tantas Gal numa só, que mantém viva sua imagem.
As fotografias de Gal no rico acervo de Thereza Eugênia, que tem um olhar particular para a existência da artista baiana, sempre pensando em outras formas de fazer Gal existir, centenas de vezes, fotos de época e uma ideia autoral de fazer babar qualquer fotografo.
A canção ´Nada Mais´, fala de um desencontro. Gal não era isso, era uma explosão da voz, e Vanessa fez com essa canção, a voz tão Gal, “Gal sempre”, como diz Caetano Veloso por onde passa – “Gal sempre” Viva Gal Costa e que os espíritos de luz nos iluminem.
Vanessa chega ao topo na interpretação, da grande beleza da apresentação de Gal Costa em Montreux, em 1985, quando interpretou ´Nada Mais (Lately)´ de Stevie Wonder – versão Ronaldo Bastos. Nada é igual ao momento Gal, com todo o seu esplendor, em plena maturidade técnica e emoção latente, que fez de ´Lately´ uma coadjuvante de ´Nada Mais´, reinventando para sempre a música de Stevie Wonder, tanto o quanto deveremos nos reinventar, para sermos lembrados na multiplicação de nós mesmos.
Essa música é uma viajem, até quando somos tolices e infelizes, cada um na sua e quando não conseguimos se desligar, quando alguém se interessa por outro alguém, quando propositalmente desaparecemos numa festa. É tão bonita essa canção…
A letra não pergunta pelo tempo, mas o tempo responde: ´Nada mais´, como se um amor pudesse terminar em gargalhadas e lagrimas e ficarmos amigos, quando nunca seremos – quando coisas do amor nunca mais.
Quando vi Vanessa da Mata pela primeira vez em João Pessoa, no Paço dos Leões, num show trazido pelo jornalista Fabio Bernardo, faz tempo, eu fiquei olhando para a cantora, a compositora, quase a Cabocla Iara a ´Mãe d’Água´, que vive nas águas do rio Amazonas e encanta homens com sua beleza e canto, levando-os para o fundo dos rios. É uma delicadeza em pessoa, a Vanessa.
Cantando Gal, essa canção suave e não mais encontraremos Gal correndo de um lado para outro do palco, aquela Gal… Fatal.
É isso, é muita delicada e triste essa canção ´Nada Mais´ – , onde a voz de Gal tem esse casamento com a voz de Milton Nascimento, e não preciso dizer mais nada, ´Nada Mais´.
Kapetadas
1 – Todo homem é um Cristo crucificado, o problema é que a ressurreição foi só para um.
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BOLETIM DA REDAÇÃO - 03/07/2025