João Pessoa, 04 de setembro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Há um tipo raro de coragem que não nasce no campo de batalha, nem no gabinete dos poderosos.
Ela nasce no riso.
No riso solto, fora de hora, fora de compasso.
Nas palavras tortas que, ditas sem medo, desarmam qualquer expectativa. Entenderam, né?
A liberdade tem cheiro de escândalo.
Não o escândalo moral, mas o da alma que se recusa a se vestir de conveniência.
Aquele que não teme o olhar atravessado, nem a sobrancelha arqueada, nem o “que absurdo” sussurrado entre dentes.
Porque entendeu cedo que o mundo não aplaude a verdade, só o teatro. Entenderam, né?
Então, quem não teme o ridículo não precisa mais de máscara.
Pode cantar desafinado no meio da rua.
Pode amar quem quiser, mesmo quando dizem “não convém”.
Pode chorar no meio da festa.
Pode dançar sem ritmo, mas com a alma inteira.
Esse é o ponto: a alma inteira.
Metade de nós vive pela metade — engomada, medida, enquadrada.
Outra metade morre de medo de parecer tola.
E então, nos trancamos.
Nos amarramos.
E chamamos isso de prudência.
Mas a prudência, às vezes, é só o nome elegante do medo.
E o medo é o maior cárcere já construído — não tem grades, mas tem vozes.
Vozes que dizem: “não faça isso”, “vai pegar mal”, “vão rir de você”.
Ora, e daí?
Que riam.
Que apontem.
Que cochichem.
Porque só quem já foi motivo de riso sabe: rir é poder, mas ser rido é libertação.
O ridículo não mata, só arranca a última corrente.
A liberdade não é fazer tudo.
É poder ser tudo — sem medo, sem vergonha, sem pose.
E só quem não teme o ridículo entende o peso da leveza.
Só quem não se importa em parecer louco é que, de fato, está são.
O resto… vive bonito, mas algemado. Eu vou por aí
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