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Graduada em direito e pós graduada em direito criminal e família, membro da academia de letras e artes de Goiás, tenho uma paixão pela escrita Acredito no poder das palavras para transformar realidades e conectar pessoas

Consciência e reputação

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publicado em 02/09/2025 ás 07h00
atualizado em 01/09/2025 ás 20h43

Há uma carga que carregamos sem perceber: olhares que não nos pertencem, vozes que julgam mesmo sem convite, expectativas que insistem em se fazer ouvir. A reputação é isso: um reflexo dos outros, sombra de opiniões alheias, um eco que nunca define quem realmente somos. Seremos?

A consciência, porém, é diferente. Ela não clama, não se impõe, não se compara. Ela sussurra apenas: “É você.” Ser você significa sentir, errar, acertar, resistir, escolher caminhos próprios e permanecer fiel ao que pulsa dentro da própria alma, mesmo que ninguém mais compreenda.

Preocupar-se com a reputação é entregar-se a um tribunal invisível, onde juízes são desconhecidos e regras mudam sem aviso. Preocupar-se com a consciência é cuidar do que ninguém pode tirar de você, honrar a própria verdade, e reconhecer que o valor de cada ato reside apenas na sinceridade que se deposita nele.

O que os outros pensam é deles, só deles, não nos atinge.  Não cabe a nós carregar a sombra de olhares alheios, nem moldar gestos para se encaixar em expectativas que nos são estranhas. O que importa é aquilo que se sabe ser, mesmo que silencioso, mesmo que invisível. É nessa clareza que se encontra a liberdade: a liberdade de existir sem concessões, inteira, e a coragem de enfrentar a vida carregando apenas aquilo que realmente nos pertence.

E, ainda mais: há algo quase místico nesse entendimento. Como se, ao cuidar da própria consciência, o universo conspirasse a favor, abrindo caminhos que ninguém poderia prever. Cada escolha se torna mais leve, cada instante mais intenso, cada passo mais verdadeiro. Não há pressa, não há medo — apenas a certeza de que o que é legítimo floresce, mesmo que fora do olhar dos outros.

Ser fiel a si mesmo é um ato de coragem silenciosa, um ritual diário de liberdade. E, nesse silêncio, encontra-se não apenas a paz, mas também uma força que transforma qualquer julgamento alheio em pó, deixando apenas o que realmente importa: a verdade de quem se é, inteira, absoluta, irredutível.

É como está canção de Arnaldo Antunes, ” Tire a mão da consciência e meta a mão na consistência, tire a mão da consciência e meta  mão na consistência”

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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