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Bacharel, Especialista e Mestre em Administração (UFPB/UNP). Mestre Internacional em Comportamento Organizacional e Recursos Humanos (ISMT – Coimbra/Portugal). Especialista em Neurociências e Comportamento (PUC-RS) e em Inovação no Ensino Superior (UNIESP). Membro Imortal da Academia Paraibana de Ciência da Administração (Cadeira 28). Professor universitário (UNIESP), consultor empresarial, palestrante e escritor best-seller da Amazon. E-mail: [email protected]

O desafio da empregabilidade de jovens e 50+ na Paraíba

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publicado em 14/06/2025 ás 12h16

No mercado de trabalho da Paraíba, dois públicos seguem às margens das oportunidades: os jovens que ainda não conseguiram começar e os profissionais com mais de 50 anos que lutam para recomeçar. Em comum, a mesma sensação de exclusão e um sistema que insiste em enxergar a idade antes do talento.

Enquanto os mais novos enfrentam a velha cobrança por experiência, os mais velhos lidam com o preconceito silencioso de quem julga que já passou da hora. É um paradoxo cruel: um não tem tempo de estrada, o outro já trilhou demais. Um é descartado por ainda não saber; o outro, por “saber demais”.

Dados da PNAD Contínua/IBGE de 2023 revelam a gravidade da situação. A taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos ultrapassa 22% na Paraíba, enquanto o tempo médio para recolocação dos profissionais 50+ já supera 12 meses. Mas o que esses números não mostram é o impacto emocional de se sentir fora do jogo. O currículo volta, o telefone não toca, a confiança murcha.

Ainda mais preocupante é o fato de que ambos os perfis raramente são priorizados nos processos seletivos. Jovens são vistos como imaturos ou despreparados. Já os profissionais seniores, como ultrapassados ou resistentes à mudança. O mercado, assim, exclui dois dos maiores ativos da força de trabalho: a criatividade inquieta da juventude e a sabedoria estratégica da maturidade.

É nesse contexto que a gestão de pessoas precisa assumir seu verdadeiro papel: não apenas operacional, mas também transformador. Recursos Humanos não pode ser apenas quem filtra currículos, mas quem enxerga pessoas. Enxergar além da idade, além do tempo, além dos rótulos. Olhar para competências, valores, ética, vontade de aprender e de contribuir. Porque nenhuma dessas qualidades tem prazo de validade.

Felizmente, há sinais de mudança. Em Sousa, o projeto “Jovens para o Futuro”, desenvolvido em parceria com o SENAC-PB, já capacitou mais de mil jovens para o primeiro emprego, com foco em habilidades comportamentais e ética profissional. Em João Pessoa, a empresa de call center Viamaker implementou um programa de inclusão para profissionais 50+ em cargos administrativos, colhendo ganhos reais em produtividade e clima organizacional.

Esses exemplos mostram que, com criatividade, formação e respeito, é possível romper o ciclo da exclusão. Incluir jovens e sêniors no mesmo ambiente de trabalho não é apenas justo é inteligente. É reconhecer que cada fase da vida traz uma potência única. E que a diversidade geracional não é problema, é solução.

A Paraíba não pode se dar ao luxo de desperdiçar talentos por causa de uma data no RG. O que está em jogo não é juventude ou experiência é oportunidade. Que as empresas, gestores e lideranças tenham coragem de abrir as portas para quem só precisa de uma chance. Porque quem quer fazer a diferença nunca está velho demais para começar em jovem demais para ser levado a sério.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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