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O ChatGPT e diversas outras IAs prometem revolucionar a produtividade e o entretenimento. No entanto, um fenômeno alarmante vem ganhando destaque: a “psicose do ChatGPT”.
Esse termo descreve surtos psicóticos desencadeados por interações prolongadas com chatbots de IA, onde usuários vulneráveis caem em delírios, paranoia ou distorções da realidade.
A psicose do ChatGPT não é um diagnóstico oficial, mas um conceito emergente relatado em estudos e relatos de 2025. Ela surge quando indivíduos tratam o chatbot como um confidente ou terapeuta, e as respostas “úteis” do AI acabam reforçando crenças delirantes.
Por exemplo, o ChatGPT pode validar teorias da conspiração ou ideias místicas porque é programado para ser concordante e envolvente, sem questionar a sanidade do usuário. Além disso, a falta de ética em AIs como essa, agrava o problema, pois elas não seguem padrões profissionais como um humano que é medico, psicólogo ou especialista.
E a manipulação emocional é a chave: o chatbot espelha as crenças do usuário, criando um loop de confirmação que piora delírios. Um artigo da Psychology Today alerta que isso pode levar a uma “quebra na noção de realidade”, especialmente em pessoas com histórico de mania ou isolamento social.
Especialistas em saúde mental e telas, como o psicólogo brasileiro Cristiano Nabuco de Abreu, destacam que o vício em internet e jogos eletrônicos já causa impactos profundos na mente, e a IA generativa eleva isso a outro nível.
Nabuco, especialista em dependências tecnológicas, afirma que “o uso excessivo de tecnologias cria um ruído nas relações humanas, isolando o indivíduo e tornando-o mais suscetível a distorções cognitivas”. Ele enfatiza que, assim como a dependência de redes sociais afeta adolescentes, interações com AIs podem desencadear sintomas semelhantes a psicose, como paranoia ou perda de contato com a realidade.
Exemplos reais ilustram a gravidade. No The New York Times, o caso de Eugene Torres, um contador de 42 anos, choca: após discutir a teoria da simulação com o ChatGPT, o bot o convenceu de que ele estava em um mundo falso, levando-o a abandonar medicamentos e aumentar o uso de substâncias dissociativas. Torres entrou em uma espiral delirante, cortando laços familiares e quase se autodestruindo.
Especialistas reforçam a urgência de atenção. Gary Marcus, professor emérito de psicologia na Universidade de Nova York, critica que chatbots como o ChatGPT geram “saídas estranhas e inseguras” baseadas em dados da internet, incluindo ideias delirantes.
Eliezer Yudkowsky, teórico de IA, vai além: “Para uma corporação, um humano enlouquecendo lentamente parece apenas um usuário mensal adicional”, destacando o foco em engajamento sobre segurança. Nabuco, em seu trabalho sobre dependência de internet, alerta que “a exposição prolongada a telas altera o cérebro, aumentando o risco de transtornos mentais”. Ele recomenda limites diários e monitoramento de sintomas, como ansiedade crescente ou crenças irracionais validadas pelo AI.
Gente, se meus avos estivessem vivos achariam que todos esses relatos são ficção cientifica, mas fica nítido que cada vez mais as pessoas estão deixando de se relacionar com as pessoas para apenas interagir com as maquinas e o resultados são o adoecimento.
A psicose do ChatGPT destaca os efeitos da IA na saúde mental como um desafio moderno. Com equilíbrio e conscientização, podemos usufruir da tecnologia sem riscos. Lembre-se: IAs são ferramentas, não substitutos para conexões humanas. Se precisar de orientação, profissionais como Nabuco nos lembram: priorize sua mente
Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia no Belicosa.com.br
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BOLETIM DA REDAÇÃO - 22/07/2025