João Pessoa, 25 de novembro de 2025 | --ºC / --ºC
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Estou olhando as frutas adormecidas no banco da varanda, cercada por flores do jardim da nossa casa. Entre pequenas frestas de sol e sombras alongadas, a mesa antiga de madeira com seus lugares esquecidos.
As janelas da varanda foram pintadas de azul, cor que eu sugeri. Todo o cuidado da casa é obra de dona Francis – é impressionante a delicadeza que ela tem em tornar a casa mais bonita, azulejando os dias.
Muito calor. O vento entra por uma porta que vai dar na sala e vejo no alto, as pétalas de um antigo jasmim (foto)
Só, mais do que sou, estou a contemplar a beleza da flor de Urucun, na imperfeição das coisas que se movem e me envolvem.
No interior da casa, olho para o falso retrato de — Andy Warhol.
Vejo filmes e multiplico outras cenas.
Excito-me vendo a foto de Martha Rocha numa revista antiga e sonho com a nudez de Afrodite.
Não sou o centro do mundo dos outros, porque muitos não existem.
Ou é a vida que me atravessa e finjo que vejo mais flores, cintilo o falso brilhante?
A paixão me conheceu e se fastou de mim, mas hoje quem vive escondido dela sou eu.
Já fui bom nisso e conheço o suave esvoaçar da idade, mas não vejo mais meu rosto na panela de aluminio areada
Já é quase o fim do domingo e eu aqui enumerando os dias.
Turvo pela ligeira náusea da velhice, mas ainda sou moço.
Uma lembrança de meu pai me traz de volta saudades escondidas, mas não devolvem meu sorriso tamanho de nada.
Bem ali a transparência ´Libertinagem´ do poema do Bandeira, que chega até mim va-ga-ro-sa-men-te
Sem que nenhuma ternura perdure, nenhum ofício cantante, nada me tenha convencido a permanecer nessa sinuosa exatidão.
Eu quero a Estrela, Dalva!
Kapetadas
1 – Amor. Acordo de conveniência entre duas ilusões.
2 – Imagina a dor de cabeça do Tylenol.
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