João Pessoa, 18 de outubro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Eu pensando que a felicidade tinha voltado pra mim. Deu no pira.
As mudanças da vida ainda me parecem impiedosas, nunca quando foram imperiosas. Quando eu era menino a felicidade demorava mais tempo perto de mim.
É isso que reconhecemos no velho estraga-prazeres.
No final ou bem antes, algo abruptamente faz com que a felicidade seja um neologismo.
A vida é um lugar perfeito e, por isso mesmo, inóspito.
Há séculos que estamos a caminhar sobre ovos. O mesmo acontece quando nos deixamos ficar entre o espectro e uma ilusão à toa – e é lá no escuro do gozo que está o pequeno momento da felicidade, que já começa com partidas.
Somos todos sclavus (escravos) com a mesma raiz etimológica.
Podemos estar no último dia ou naqueles dias entre o não, o sim, talvez e todas as formas de manifestação do corpo a suar no pequeno mundo, onde cabe a felicidade, longe da era troika e pertinho da poesia.
A felicidade é essa resistência do que podemos ter nos lapsos de memória, aferida pelos pequenos e perfeitos cruzamentos e ambas as coisas em demasia.
No extremo, onde estão os mergulhos quentes, a possibilidade de viver entre mapas termina nos lugares enormes e vazios e que mesmo assim, suscita o desejo de um corpo universal. Tipo, ninguém é de ninguém. Óbvio. Ou, como está na canção de Caetano – “ Minha energia é que mantém você suspensa no ar”
A felicidade é o cuscuz bondade – vem e desparece.
A felicidade se manifesta no gosto e no desgosto, pela incisão e nitidez da capacidade rara de saltar na escala onde mora o desastre civilizacional.
Desastre em detalhes é covardia.
Aliás, onde está meu tapa olho?
Kapetadas
1 – Só existe uma coisa mais falsa que a modéstia, promessa de mudança.
2 – Bem-vindo ao inferno, qual é o seu poder? – Querer – Desculpe, mas querer não é poder.
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