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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

A felicidade é um neologismo

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publicado em 18/10/2025 ás 07h00
atualizado em 18/10/2025 ás 08h30

Eu pensando que a felicidade tinha voltado pra mim. Deu no pira.

As mudanças da vida ainda me parecem impiedosas, nunca quando foram imperiosas. Quando eu era  menino a felicidade demorava mais tempo perto de mim.

É isso que reconhecemos  no  velho estraga-prazeres.

No final  ou  bem antes, algo abruptamente faz com que a felicidade seja um neologismo.

A vida é um lugar perfeito e, por isso mesmo, inóspito.

Há séculos que estamos a caminhar sobre ovos. O mesmo acontece quando nos deixamos ficar  entre o espectro e  uma ilusão à toa –  e é lá no escuro do gozo que está o pequeno momento da felicidade, que já começa com partidas.

Somos todos sclavus (escravos) com  a mesma raiz etimológica.

Podemos  estar no último dia ou naqueles dias entre  o não, o sim, talvez e todas as formas de manifestação do corpo  a suar no pequeno mundo, onde cabe a felicidade, longe da era troika e pertinho da poesia.

A felicidade é essa resistência do que podemos ter nos lapsos de memória, aferida pelos pequenos e perfeitos cruzamentos e ambas as coisas em demasia.

No extremo, onde estão os mergulhos quentes, a possibilidade de viver entre mapas termina nos lugares enormes e vazios e que mesmo assim, suscita o desejo de um corpo universal. Tipo, ninguém é de ninguém. Óbvio. Ou, como está na canção de Caetano – “ Minha energia é que mantém você suspensa no ar”

A felicidade é o cuscuz bondade –  vem e desparece.

A felicidade se manifesta no gosto e no desgosto, pela incisão e nitidez da capacidade rara de saltar na escala onde mora o desastre civilizacional.

Desastre em detalhes é covardia.

Aliás, onde está meu tapa olho?

Kapetadas

1 – Só existe uma coisa mais falsa que a modéstia, promessa de mudança.

2 – Bem-vindo ao inferno, qual é o seu poder? – Querer – Desculpe, mas querer não é poder.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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