João Pessoa, 30 de julho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Um brinde a resistência, um brinde à vida.
Um brinde, sim, mas que seja daqueles tirado no gargalo, com olhar firme e coração aberto. Um brinde a quem já atravessou tempo seco por dentro e por fora, e mesmo assim seguiu em frente, com a cabeça erguida.
Um brinde a quem já chorou escondido no terreiro de casa. A quem soube engolir o choro pra não assustar os outros. A quem já varreu a tristeza com o mesmo pano que enxugou o suor da testa.
Porque tem gente que é igual cacto: espinho por fora, flor por dentro. Aguenta sol quente e promessa que nunca chega, mas mesmo floresce.
Um brinde à força de quem segura o mundo nas costas com fé e coragem, mesmo quando o céu parece desabar em cima de nós. A quem levanta com o canto do galo, bota o pé na estrada e vai, mesmo sem saber se vai dar certo. Vai com medo, mas vai, porque desistir nunca foi opção de quem nasceu no sertão de corpo e alma.
Um brinde ao corpo que suportou as dores sem fazer alarde. À alma que não deixou de sonhar, mesmo quando o vento levou quase tudo. Às cicatrizes que a vida marcou — não como ferida, mas como prova de resistência. Porque quem é do sertão aprende cedo: o que não mata, ensina.
Sobrevivemos.
Fomos além. Nos refizemos com o barro das quedas e a água da fé. Ficamos mais inteiros, mais verdadeiros. E com uma beleza que só quem andou por dentro da seca conhece — aquela que não vem do espelho, mas do olhar.
Então sim, um brinde. A quem hoje carrega paz no coração. A quem sabe que ser forte e nunca cair, mas levantar sempre que for preciso. A quem olha pro céu e agradece, mesmo quando só vê nuvem de “chumbo”.
Porque viver, sentir e se refazer… ah, isso é coisa de gente feita de raiz.
Um brinda a mulher que é mãe, que traz a luz à vida, um brinde todas as mulheres. Eu sou um delas.
Antônia Claudino
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BOLETIM DA REDAÇÃO - 22/07/2025