João Pessoa, 13 de junho de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A psicologia tradicional sempre se dedicou muito a estudar doenças e transtornos, mas nem sempre deu a devida atenção às qualidades que fazem as pessoas prosperarem. Foi por isso que pesquisadores como Martin Seligman e Mihaly Csikszentmihalyi trouxeram um novo olhar para a ciência do comportamento, propondo focar também nas virtudes e nas forças de caráter. A ideia é simples e poderosa: além de curar as dores da alma, é preciso identificar e fortalecer o que cada pessoa tem de melhor.
Quando se fala em virtudes, estamos falando de características positivas que contribuem para a vida em sociedade e para o bem-estar pessoal. Essas virtudes não são apenas conceitos abstratos, mas sim traços que podem ser medidos, desenvolvidos e aplicados no dia a dia. Coragem, esperança, sabedoria, gratidão e criatividade são alguns exemplos que, quando cultivados, fortalecem nossa saúde mental e emocional.
O conceito de forças de caráter vem para detalhar ainda mais essa ideia. De acordo com estudos da psicologia positiva, existem 24 forças que se manifestam de maneiras diferentes em cada pessoa. Essas forças são caminhos para atingir as seis grandes virtudes universais: sabedoria, coragem, humanidade, justiça, temperança e transcendência. Cada uma dessas forças, como a curiosidade, a bravura ou a empatia, contribui para moldar o nosso jeito de ser.
Usar as próprias forças de maneira consciente é uma estratégia que pode transformar a forma como lidamos com os desafios da vida. Por exemplo, diante de uma dificuldade, em vez de se prender ao medo ou ao desânimo, uma pessoa pode ativar sua esperança e sua perseverança para seguir adiante. Quando se olha para si mesmo com mais generosidade, também se aprende a olhar para os outros com mais compreensão.
As forças de caráter podem ser grandes aliadas não apenas no crescimento pessoal, mas também em processos terapêuticos. Muitas vezes, intervenções focadas apenas nas dificuldades podem reforçar sentimentos de incapacidade. Já trabalhar as forças existentes permite que o indivíduo perceba que já possui recursos internos que o ajudam a enfrentar os problemas com mais confiança.
Um dos maiores aprendizados trazidos pela psicologia positiva é que felicidade não significa ausência de problemas. Felicidade é resultado da prática constante de emoções positivas, de engajamento com a vida, de sentir que há propósito e significado no que se faz. Quem desenvolve suas forças de caráter cultiva, sem perceber, a base de uma vida mais plena e equilibrada.
Outro ponto interessante é que as forças podem ser exercitadas. Assim como um músculo se fortalece com treino, nossas virtudes crescem à medida que são praticadas no cotidiano. Pode ser pelo hábito da gratidão, por pequenas atitudes de coragem ou mesmo pela capacidade de perdoar. Cada pequeno gesto conta para construir uma versão mais forte e saudável de nós mesmos.
No meio de tantas pressões e desafios modernos, cultivar virtudes se torna uma forma de resistência emocional e também de renovação. Pessoas que exercitam suas forças conseguem lidar melhor com o estresse, têm relacionamentos mais saudáveis e mostram maior resiliência diante das dificuldades. É uma prática que favorece não só o indivíduo, mas também todo o ambiente ao seu redor.
Por fim, reconhecer e fortalecer nossas virtudes não é um exercício de autoajuda rasa. É uma estratégia embasada em pesquisas científicas, que mostra que o florescimento humano é possível e acessível. Para quem deseja investir em mais saúde emocional, felicidade e bem-estar, o caminho começa no autoconhecimento e na decisão de colocar em prática, todos os dias, o que há de melhor em si mesmo.
Assim, ao invés de focar apenas no que precisa ser corrigido, a psicologia positiva nos convida a perguntar: quais são as minhas melhores qualidades e como posso usá-las para construir uma vida mais feliz e significativa?
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EM SANTA RITA - 13/06/2025