João Pessoa, 20 de dezembro de 2025 | --ºC / --ºC
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Estou novamente atravessando o rastro de Lupicínio Rodrigues, sofredor do amor, das belas canções, promessas cheias de riscos, de que o sol realmente não poder viver perto da lua.
Já passei daquela busca, que Proust não me avisasse que sem a sequência perdida, acontece uma estranha sensação de ser fez feliz e infeliz. Puxa vida! Feliz Ano Velho de novo.
Sei bem quando e onde começou, nem quando terminará, mas é fácil saber que estou longe da beira da estrada do Erasmo. Não, meus lábios não racham, a garganta não seca, mas o calor me abate.
Meu deserto é de silêncio.
O coração cala, a voz se esconde, os olhos não brilham mais e eu fico cego de tanto vê-la e não tê-la, o que é uma coisa bela.
Ligo o rádio e a sintonizo a monotonia das cores de Frida Kahlo, cores de Almodóvar, cores de Adriana Calcanhoto.
Fervilha, mas não vejo muito bem a barbárie que não enxergo, o inferno que não sublimo.
Eu sigo andando carregando o Último Desejo de Noel Rosa e que o deserto termine antes de 2025, e eu possa sentir novamente que o silêncio é a pior resposta, porque nas coisas do amor, quem cala, consente.
Ah! Minha mãe, das manias de ser limpa demais, Lustre o meu mundo Clarice, ajuda-me a ultrapassar águas passadas.
Meu pai, por que eu ando de um lado para outro e não sou o outro, se tudo o que eu sinto é o luto, sem choro, nem vela.
O que não me chega, um rio que não deságua em mim, se saio rindo do lindo lago do amor reposado na pedra sobre pedra.
Em 2026 reconstruirei minha a paz e não vou ver suplantar as barreiras, mas já escuto alguém dizer – lá vai o velho Kubitschek
Arrastando meus tênis e o que encontrar pela frente, matando a sede na saliva e lavando os olhos que então poderão ver, no último instante, a única coisa boa do deserto, o céu estrelado de Van Gogh.
Kapetadas
1 – Nesse mundo onde todos são poetas, não há poesia — há um gigantesco encalhe de livros.
2 – Um dia essas empresas visionárias, que odeiam gente, vão criar produtos feitos por ninguém, pra ninguém.
3 – Ilustração – A Noite Estrelada (1889), óleo sobre tela, 73 x 92 cm. Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMa)
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BOLETIM DA REDAÇÃO - 16/12/2025