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Francisco Leite Duarte é advogado tributarista, auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, doutor em direitos humanos e desenvolvimento. Na Literatura, publicou os romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias (“Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas.

Solidão

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publicado em 19/12/2025 ás 12h05

Como se a premissa da felicidade fosse estar na companhia de outrem. Muito bom, necessária, por vezes, mas, como já temos mais de mil Matusaléns no lombo carcomido pelo tempo, já sabemos de cor e salteado: Nascemos, vivemos e morremos sozinhos.

Na hora das verdades universais, a solidão é a lei, por isso as máscaras que vestimos todos os dias e as envelopamos em nomes bonitos e sofisticados para atender os caprichos de tantas pessoas, nos conduzem a uma esperança sem fim.

Não adianta.

Imagine alguém, qualquer pessoa. Não vale as que você, porventura, queira se embolar em suas fantasias mais secretas, ou as que você, de alguma forma, pode tirar algum outro tipo de proveito. Para essas, a gente sempre sorri confabulações…

Não seria preferível você ficar de frente a você mesmo? Questionando, se compreendendo, se enganando e se educando, remoendo seus percalços e alegrias, alisando os seus projetos, fazendo em si mesmo um cafuné ou se chamando filho de uma hiena?

Seguramente. Mas não é bem assim. Nossas idiossincrasias  também abusam, de modo que nem sempre somos, para nós mesmos, a melhor companhia. É da natureza. Se fôssemos máquinas, não mudaríamos nossas vontades, pensamentos, desejos e maluquices. Graças ao “Todo”, somos esse amálgama de paz, tempestade e marasmo, um mar em abundância de quietude e maremotos.

Isto dito, há de se afirmar: não há motivos para se ter medo da solidão. Primeiro, porque ela é como o tempo, inexorável e viva. Dele e dela, não há como fugir; segundo, porque somente ela nos eleva à reflexão, afinal, somente as tempestades que habitam nossos espelhos sacodem os espasmos preguiçosos do medo, renovam os sonhos da humanidade. Sem sonhos, não há matéria, muito menos qualquer ideia de futuro. Presente, então, nem pensar!

@professorchicoleite

Dirão: falar besteira é fácil. Até concordo. Descobrir a vida dentro si mesmo é uma besteira deliciosa. A mais profunda das solidões, mas com uma vantagem incomparável: encontrar-se a si mesmo é o ápice da alegria: fútil e linda. Para que mais?

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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