José Nunes
Nas manhãs com o sol rasgando as nuvens ou quando a lua grande vagava lentamente no céu como uma bola dourada, gostava de ficar no quintal de casa observando o sol ou a lua por entre as folhagens do cajueiro existente em minha rua.
Aproveitava para lembrar de tempos passados quando, dissimulando a solidão que carregava nos gestos de camponês, olhava para os caminhos invisíveis que tentava identificar e, identificados, como me foi permitido, construí os caminhos que haveria de trilhar.
De todas as árvores que povoaram minha infância, os pés de laranjas cravo e mino-do-céu, as mangueiras, as pitombeiras, araçás e jaqueiras foram os cajueiros que mais penetraram no meu sentimento de pertença.
Quando há mais de quatro décadas quando passei a morar nesta casa, este cajueiro era meu lenitivo. Dava a impressão de que estava diante de uma pequena floresta, vendo nascentes entre os galhos a lua ou o sol.
Mas cortaram o cajueiro que me dava uma visão deslumbrante da lua e do sol, e fazia me lembrar da minha terra e da paisagem que carrego comigo.
Ouvindo os pássaros em sinfonia nos finais de tardes ou aos primeiros raios do sol pela manhã bem cedo, recordava de minha infância.
Este cajueiro, mesmo sendo outro, o dono, me pertencia de visão. Quando poesia imaginei em as escrever olhando a lua por entre as folhas. Até tentei poetar uns versos que saíram à semelhança do que Bentinho de Dom Casmurro escreveu: “Oh! flor do céu! Oh! flor cândida e oura”!
Quantas imagens guardo destes momentos. Uma vez na minha imaginação, lembrando a exuberante Beatriz de Dante, a poética luz da lua formou por entre os galhos a imagem de uma bela mulher. Foi algo impressionante. Nenhum escultor ou pintor seria capaz de modelar algo semelhante.
Mas os pardais e as rolinhas, seus noturnos habitantes, ficaram atordoados sem espaços para seus repousos.
Os pardais, mais atrevidos, sorrateiramente vêm pousar em uma pequena árvore do meu quintal, o que não deixa de ser agradável.
Não há nada de ruim que aconteça que não traga algo de bom. Se perdemos a bonita visão de olhar a rua pelas folhas do cajueiro, o único que ainda existia na nossa rua, temos, agora, como olhar a Lua Cheia a descoberto.
Este cajueiro do vizinho, que de minha casa admirava durante mais de quatro anos, era diferenciado. Produzia flores e pedúnculos cessar. Saborosos em forma de doces, passar ou consumido in natura. Bom para tira-gosto. Presenciava na calçada, uns pinguços degustando cachaça com talagada de caju melado com sal.
Seus antigos donos relatavam que plantaram a árvores quando ali chegaram ao final do ano de 1979. Quando cheguei para residir neste bairro, o cajueiro já era imponente, as folhas passavam da casa. De longe avistávamos sua folhagem e, no tempo oportuno, davam muitos frutos.
Mas cortaram o cajueiro. Fiquei sem a paisagem de sua copa, nem os raios da lua nem do sol que construí a poesia que fazia construir a poesia a qual
somente a natureza possibilita surgir.
Mas os pardais e as rolinhas, seus noturnos habitantes, ficaram atordoados sem espaços para seus repousos.
Os pardais, mais atrevidos, sorrateiramente vêm pousar em uma pequena árvore do meu quintal, o que não deixa de ser agradável.
Não há nada de ruim que aconteça que não traga algo de bom. Se perdemos a bonita visão de olhar a rua pelas folhas do cajueiro, o único que ainda existia na nossa rua, termos, agora, que olhar a Lua Cheia sem as folhas a lhe cobrir.
Aquele cajueiro do vizinho, que de minha casa admirava durante mais de quatro anos, era diferenciado? Produzia flores e pedúnculos e cessam. Saborosos em forma de doces ou consumido in natura. Bom para tira-gosto. Presenciava na calçada, uns pinguços degustando cachaça com talagada de caju melado com sal.
Seus antigos donos relatavam que plantaram a árvores quando ali chegaram no final do ano de 1979. Quando cheguei para residir neste bairro, o cajueiro já era imponente, as folhas passavam da casa. De longe avistávamos sua folhagem e, no tempo oportuno, dava muitos frutos.
Mas cortaram o cajueiro. Fiquei sem a paisagem de sua copa, nem os raios da lua nem do sol que construíam a poesia que somente a natureza possibilita surgir.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB