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O século XXI foi prodigioso pela forma como a informação se disseminou pelo mundo. Graças à tecnologia da informação, mais especificamente à internet, esta trouxe à ideia de acesso ilimitado a informação. Maas isto não passou de uma ilusão, quando se trata de comunicação, mais especificamente dirigida pelos algoritmos, pela falta de transparência desejada, causando preocupação.
Hoje, a informação navega em segundos, quase que instantaneamente, sem freios e sem fronteiras, muito menos limites de divulgação. Essa informação se tornou tão volumosa, que mal conseguimos acompanhá-la. São zilhões e zilhões de dados jogados na internet por segundos, nas redes sociais, nos buscadores de mídias e grupos de Whatszapp e etc.
Antes da internet, a telecracia criada pelos aparelhos de televisão entretinha a população. Esse momento da comunicação foi apreciado a partir da década de 70, através dos programas de auditório, responsável pela mudança do discurso, que passou a ser de performance, vislumbrando que, quem melhor se apresentasse no show, ganharia o debate, sendo responsável pela fragmentação do discurso, mas que hoje vem perdendo cada vez mais audiência para as telinhas dos smartphones, eu mesmo, pouco ligo a TV.
E nessa quarta fase da revolução industrial, em que as pessoas não mais são entretidas pela televisão ou rádio, pouco assistem ao show, mas querem ter o seu próprio programa, serem os próprios emissores ativos dessa informação, somos de tudo médicos, juristas, jornalista, comentaristas, nutricionistas, psicólogos, porque produzimos e consumimos ao mesmo tempo que informamos, e o pior, é que esta trend tem mercado certo.
É aí onde mora o problema, quando a imprensa, seja jornalista, radiofônica, televisiva, era a fonte informativa de onde deveríamos beber da notícia, para buscarmos a informação de credibilidade. Mas hoje, esta ficou descentralizada, concentrada nas dependências dos novos intermediários que são as redes sociais e buscadores de mídia, passando a notícia criar fatos que manipulam dados, principalmente quando o contexto é de natureza política, daí o perigo à democracia.
Nesse cenário informacional que Byung Chul Han chama de infocracia, como sendo a forma degenerada da democracia, que se fragmenta pela modulação de comportamentos e pensamentos, quase que imperceptível, através dos algoritmos, dispostos nas plataformas digitais das redes sociais e mecanismos de busca das Big Techs, que aprisionam o digitador em bolhas, facilitando o controle e a submissão, ameaçando a autonomia individual e até a própria democracia.
E o dilema é de como superar esse desafio, diante da manipulação da informação, porque hoje pouco se sabe o que é verdadeiro ou mentiroso na internet. Ao receber a informação, é necessário fazermos uma averiguação em várias mídias, para não cairmos no conto do vigário e repassarmos uma falsa notícia.
Nessa sociedade infocracional em que a informação parece estar cada vez mais erosiva, a transparência algorítmica aparece como forte aliada e uma das formas de combatermos esse momento.
A informação que antes era vista como a chave para se alcançar à liberdade, exige uma eterna vigilância. O grande desafio não é mais termos acesso, mas discernirmos sobre qual a natureza deste acesso, para sabermos o que é falso ou não.
Na sociedade do ‘fake news’ e dos golpes em tempo real, a transparência algorítmica surge como uma bússola tênue, mas urgente. Cabe a cada um de nós, digitadores e emissores, irmos além da primeira tela, questionarmos a bolha e buscarmos, incansavelmente, o fio da verdade que resiste à névoa da digitalidade.
ADRIANA BARRETO LOSSIO DE SOUZA
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
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