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Graduada em direito e pós graduada em direito criminal e família, membro da academia de letras e artes de Goiás, tenho uma paixão pela escrita Acredito no poder das palavras para transformar realidades e conectar pessoas

Fuja das expectativas

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publicado em 02/11/2025 ás 07h00
atualizado em 02/11/2025 ás 08h36

Sabe o que mais nos cansa? As expectativas. Elas precisam ser afastadas do nosso pensamento.
Elas nascem pequenas, quase inocentes, uma esperança tardia disfarçada, um “quem sabe” sussurrado na brisa. Crescem rápido, criam corpo, exigem, cobram, e quando não são atendidas, doem como se o mundo tivesse nos traído. Mas quem trai a gente é a vida. já disse o poeta Manuel Bandeira.

A verdade é que as expectativas não são sobre o outro, nem sobre o futuro, o nosso futuro. São projeções nossas, invenções, desejos travestidos de certezas. A gente imagina, planeja, pinta o amanhã com as cores que quer, e se esquece de que o tempo tem a própria paleta.

Quando esperamos demais das pessoas, nos frustramos. Quando esperamos demais da vida, nos perdemos, porque o que é real, simples e inesperado, não cabe nas molduras que o pensamento tenta impor.

Há uma leveza em soltar o controle. Em deixar que as coisas sejam como são, sem criar roteiros, sem prever falas, sem inventar finais. É nesse desarme que mora a verdadeira paz: quando o que vem é recebido sem cobrança, apenas com presença. Está lá na canção de Caetano Veloso: “a tua presença, entra pelos sete buracos da minha cabeça, a tua presença”

Seguir sem expectativas não é desistir é confiar. É permitir que a vida aconteça, sem o peso das comparações entre o que sonhamos e o que é.

E talvez a felicidade esteja justamente aí: não em esperar o que falta, não esperar por ninguém, mas em enxergar a beleza do que já é. Ou o que já foi.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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