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Kubitschek Pinheiro – MaisPB
Fotos: Maria Bacelar
Já está nas plataformas digitais o single “Ícaro do teu sol”, parceria inédita de Ednardo e Ricardo Bacelar, gravada em dueto. O encontro dos artistas cearenses de diferentes gerações é também uma celebração à amizade de mais de 40 anos que une o compositor de “Pavão Misteryozo”, entre outros clássicos, ao multi-instrumentista, cantor e produtor, Bacelar.
Autor de clássicos como “Enquanto engomo a calça”, “Artigo 26” e “Terral”, Ednardo inspirou-se na lenda de Ícaro para a composição que assina com Bacelar.
Ícaro era filho de Dédalo, um arquiteto e inventor ateniense. Quando foram banidos para a ilha de Creta, Dédalo construiu asas de penas de pássaros e cera para fugir. Ele alertou Ícaro para não voar muito perto do sol, mas Ícaro desobedeceu e subiu cada vez mais alto. A cera derreteu e Ícaro caiu no mar Egeu, afogando-se
Da mesma geração da música cearense, Amelinha faz uma participação especial nos vocais de “Ícaro do teu sol”. Assim como Ednardo, a cantora também faz parte da trajetória de Ricardo Bacelar há mais de quatro décadas.
“Ícaro do seu sol” é a segunda parceria de Ricardo Bacelar com Ednardo e também a mais recente. A primeira, “Juro que tenho coragem”, foi lançada em 2022 no EP “Ponto de Partida”, que Bacelar gravou a convite da Apple Music (já disponível nas principais plataformas digitais). Neste mesmo EP, Ricardo Bacelar já havia homenageado Ednardo gravando “Manga Rosa”, com arranjo original do próprio compositor.
O single “Ícaro do seu sol” estreia junto com o videoclipe inédito, produzido para divulgar o reencontro musical de Ednardo e Ricardo Bacelar, em mais um lançamento da gravadora Jasmin Music. Confere a entrevista.
Novidade – Ontem chegou às plataformas o disco “Aracati”, que reúne o músico, compositor e arranjador Jaques Morelenbaum e o multi instrumentista, compositor e produtor Ricardo Bacelar. Aguardem – vamos entrevistar os dois parara produção de matéria no Caderno de Cultura do MaisPB.
MaisPB – Ednardo, que sacada a sua de trazer a luz do Deus grego Ícaro para que todos gostem mais ainda da Mitologia, da vida, do céu, da terra e da arte de vocês, poetas. Vamos começar por a busca nas lendas gregas uma ponte com o cotidiano, aqui e agora?
Ednardo – É uma canção que busca nas lendas gregas em conjunto com a literatura popular vindo pela península ibérica, para o nordeste brasileiro onde as lendas e os mitos tem outras proporções e significados no tempo de hoje.
MaisPB- Conta pra gente sobre você: por falar em saudade, onde anda Ednardo?
Ednardo – Em Fortaleza e nas viagens para realizar Shows, realizando livro e filme. Estou residindo em Fortaleza, depois de 8 anos em São Paulo e 40 Anos no Rio de Janeiro. A terra em que nasci é muito agradável e me sinto bem aqui, onde estabeleci nova base e daqui realizo trabalhos e viagens relacionados com minha arte.
MaisPB – Essa canção parece um tratado, visita o Sol do Ícaro e depois o poema fica nu, diante da música. Tudo é possível, não é, Ednardo?
Ednardo – A nudez que o poema explicita é a possibilidade de tudo acontecer entre pessoas. As palavras desta poesia relatam amor, atração, paixão, tesão e muito mais. E tudo isto penso que é fundamental, necessário para que qualquer relacionamento possível, e visualizo isto como Ícaro e o Sol – em referência a lenda grega, e ressalta cuidado e proteção para não se queimar no calor extremo que derrete asas de penas e cera e causa a queda do mito.
MaisPB – Eu tenho uma curiosidade imensa em saber, e acho que não é só eu, como surgiu o Pavão Mysteriozo, que até hoje é um mistério…
Ednardo – Esta música, cada pessoa entende de forma diferenciada, as vezes são surpreendentes as traduções, mas a maior parte das vezes convergem para a beleza da vida, do ser humano inventar os mecanismos de voo e exercê-la acima das dificuldades existenciais e alcançar, no escuro das noites a luz.
MaisPB – Adoro “Enquanto Engomo a Calça” – vamos falar dessa canção?
Ednardo – É uma canção simples, mas todas as pessoas a traduzem com bastante profundidade existencial e filosófica e ao mesmo tempo popular que alcança todas as camadas. Fico feliz em ter realizado esta música em parceria com Climério.
MaisPB – Podemos pensar num disco novo de Ednardo
Ednardo – Sim Estas são algumas músicas iniciais. Virão outras e mais outras.
MaisPB- Ricardo, a música “Ícaro do teu sol”, já está tocando nos ouvidos do mundo – desde a introdução, já surge sua beleza. Vamos começar por aqui?
Ricardo – Vamos começar aqui, né? Ednardo é um artista que tem uma marca muito forte, tanto como compositor quanto como cantor. Vem de uma geração especial da música do Ceará, junto com Belchior, Fagner, Amelinha, Fausto Nilo, Ricardo Bezerra. Ednardo faz esse crossover do erudito com o popular, com uma assinatura pessoal muito forte.
MaisPB – Quando entra a voz de Ednardo dá um arrepio, aí tudo se expande e o voo segue e não tem como não lembrar do Pavão Misterioso. Estou certo?
Ricardo – Na música “Icaro do teu sol”, que é uma parceria inédita minha e dele, o arranjo tem um quê de Maracatu, que faz uma alusão ao Pavão Mysteriozo.
MaisPB – Como veio a ideia de unir as vozes ods três, você, Ednardo e Amelinha?
Ricardo – Esse encontro do Ednardo comigo e com Amelinha é a grande surpresa deste single. Nos conhecemos há muitos anos, os dois me deram a oportunidade de tocar com eles ainda muito jovem, com os meus 14, 15 anos.
MaisPB- A canção traz uma mensagem que, às vezes, são reflexos da gente com o Cosmo? É a força de Ícaro no céu de Fortaleza?
Ricardo – “Ícaro do teu sol” é uma música que fala de amor, e também do mito de Ícaro. Tem uma letra linda do Ednardo e eu fiz a música. Fizemos essa colaboração que me agradou bastante! Acho que ela tem um quê de música progressiva, de rock, além de um coro de vozes, Amelinha cantando comigo. Ficou muito interessante, tanto a estética quanto a composição.
MaisPB – Vamos lembrar da primeira vez que Ednardo lhe viu tocar piano?
Ricardo – A história do Ednardo comigo, é o seguinte: ele morava perto da minha avó, em Fortaleza, e um certo dia, passando em frente à casa dela, me ouviu ao piano. Tocou a campainha, perguntou quem estava tocando e pediu para entrar. Naquela época, no início dos anos 1980, não havia essa questão do medo, da insegurança, então, ele entrou, sentou e ficou me vendo tocar. Eu vi que tinha uma pessoa na sala, mas continuei estudando. O tempo foi passando e Ednardo me deu a oportunidade de tocar com ele. Para mim foi muito mágico tocar com um artista já nacionalmente consagrado, assim como a Amelinha. Estar com os dois neste single é celebrar a minha amizade e também a amizade entre os dois, que são amigos e parceiros de longa data, têm muitas histórias juntos. E todos nós temos histórias em comum, por conta da música do Ceará. Mesmo não sendo da mesma geração, eu bebi na fonte destes artistas que vieram antes de mim, como Fagner e Belchior, que foi meu parceiro.
EVENTO - 05/12/2024