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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Maria de todos nós

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publicado em 06/03/2024 às 08h25
atualizado em 06/03/2024 às 05h39

(para os netos e bisnetos) 

Queria eu viver o tanto que Maria Toscano viveu, queria eu viver conscientemente, até o juízo final, queria ter sido tão amada como Maria foi.

Maria mostro nos a noite, onde nosso olhar ficou no entardecer. Nunca tinha vista tanta delicadeza, gente chorando em silêncio e fiquei muito emocionado com o olhar dos filhos e netos despidos diante dela.

Um filho falou baixinho pertinho, alguma coisa como se dissesse – “obrigado, mãe”


E não havendo corpo em movimento apenas seu nome pronunciado, aliás são tantas Marias, que esse nome não sairá do pensamento, até o dia em que haveremos de partir também.


Maria ficou mais tempo entre nós – 102 anos, para que víssemos ela esculpida no mais puro, nunca impuro, eterno sonhar, viver e sofrer.


A imagem que vi muitas vezes da janela do apartamento de Ângela Bezerra, em Tambaú – Germano e Tereza indo para a casa de Maria, noutros entardeceres, a pé, ficou emoldurada.


Maria voltou a ser uma mocinha, estava explícito na pele do rosto, onde ela só via as rosas, que lhe serviam de manto.


Fiquei a imaginar quando ela e Ascendino se conheceram, se amaram, o primeiro rebento, a vida simples em Guarabira, naquele momento sagrado, nos instantes de amor e dor.


Eu gostava dela. Nos 90 anos, levei uma tela de Nossa Senhora de Fátima, pintada por Flávio Tavares.


Voltei para casa triste, o pensamento suspenso, na banalidade de reinventarmos o hoje, quarta-feira, outro dia, o primeiro dia sem Maria.


Foi lindo as pessoas cantando Fascinação, uma canção cuja beleza cativa até os que não gostam de música – “Poema divino cheio de esplendor”.

Maria foi se encontrar com outras marias.

Obrigado Maria, sua vida valeu!

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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