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MaisPB Entrevista: Danilo Caymmi celebra a canção brasileira em novo álbum

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publicado em 24/02/2024 às 12h08
atualizado em 24/02/2024 às 13h42

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

 Fotos – Armando Paiva e Natash Durski

Com o nome “Danilo Caymmi Andança 5.5”, o cantor, compositor e instrumentista lançou um álbum quase de intérprete. Um dos mais bonitos da sua carreira. O artista mostra uma sonoridade, cuja voz chega como uma anunciação. “Andança” quarta faixa do disco, é uma composição sua com Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, que virou um clássico da música brasileira. O álbum já está todas  as plataformas digitais.

Das oito faixas, seis foram apresentadas em festivais de música de 1967 e 1968, inclusive a eternizada por Beth Carvalho: “Bom Dia” (Nana Caymmi e Gilberto Gil), Pra Não Dizer que Não Falei das Flores (Geraldo Vandré), Eu e a Brisa (Johnny Alf), Sabiá (Tom Jobim e Chico Buarque) e Travessia (Fernando Brant e Milton Nascimento)

As outras duas que não participaram de festivais, mas integram o disco e surgiram na mesma época de Andança, são: Viola Enluarada (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle) e Pra Dizer Adeus (Edu Lobo e Torquato Neto).

Herdeiro de uma das mais tradicionais famílias da música brasileira, Danilo Caymmi presta reverência neste novo álbum  ao Clube da Esquina interpretando  “Travessia”, oitava faixa que fecha o disco. O novo álbum de Danilo parece um concerto.

Essa é a primeira vez que Danilo Caymmi concede entrevista ao MaisPB – os irmãos Nana e Dori Caymmi são assíduos – ele fala das faixas – uma por uma, relembra fatos históricos dos festivais – vaias muitas vaias, da canção das flores de Geraldo Vandré e do sucesso da sua filha Alice Caymmi

MaisPB – Você abre o disco com “Bom Dia”, a única composição de Nana, sua irmã, em parceria com Gilberto Gil.

Danilo Caymmi – Essa é a única composição da Nana. Eu gostei dessa ordem de colocar Bom Dia abrindo o disco. O conceito todo do disco foi aprofundar a interpretação. Quando eu escolhi o repertório, essa canção já estava na minha cabeça.

MaisPB – Isso vem lá dos Festivais, né?

Danilo Caymmi – Sim, do Festival de 1967, meu irmão (Dori Caymmi) participou com “Cantador” e ela (Nana) com “Bom Dia” e nessa época eu trabalhava com Roberto Carlos, como flautista na canção “Maria  Carnaval e Cinzas”. Eu estava lá – a canção “Andança” ganhou o terceiro lugar nesse festival internacional da canção.

MaisPB – Andança é sua, né?

Danilo Caymmi – É minha e Edmundo Souto e Paulinho Tapajós.

MaisPB – E essa ideia de gravar “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores”, do paraibano, Geraldo Vandré?

Danilo Caymmi – – Sim, ela é muito bonita. Faz parte   dos momentos em que eu estava envolvido nos festivais. Eu era estudante de Arquitetura na época e a orientação era essa: vaiar qualquer música que não fosse do Vandré. Por isso que o Tom (Jobim) recebeu aquela vaia de 30 mil pessoas no Maracanãzinho e “Andança” passou ao largo. Tecnicamente se eu tivesse tirado o primeiro lugar, eu teria que vaiar a minha própria música.

MaisPB – Você conhece o Vandré…

Danilo Caymmi – Não, nem na época do festival, eu não o conheço. Tenho amigos que na época trabalhavam com ele, músicos como Franklin da Flauta e Nelson Ângelo, que é um grande compositor mineiro.

MaisPB –  “Viola Enluarara” , seu irmão Dori Caymmi já tinha gravado..

Danilo Caymmi- Sim. Eu gravei assim como “Travessia”. Participei desse show de mesmo nome, acho que EM 1968 ou 1969. Era  um show que tinha a participação da Beth Carvalho, Marcos Valle, seu irmão, Paulo Sérgio Valle e o Milton Nascimento. Um show que fez bastante sucesso no Rio de Janeiro.

MaisPB – Essa canção “Viola Enluarada” é muito bonita..

Danilo Caymmi – Eu gosto muito. Até o Marcos Valle falou comigo no Zap, dizendo que gostou muito da minha interpretação

MaisPB – Várias Pessoas gravaram “Eu e Brisa” A sua interpretação é de uma delicadeza

Danilo Caymmi -Essa foi uma canção que passou desperecida, como uma das maiores do festival de 1967, é uma grande canção do Johnny Alf  e resolvi também incluir nessas gravações

MaisPB – Seu disco anterior só com as canções de Jobim mas você não canta Sabiá de Tom Jobim e Chico Buarque.

Danilo Caymmi – Eu trabalhei dez anos com o Tom, mas eu não cantava Sabiá nos shows dele, cantava A Felicidade e Samba do Avião. Trabalhei com ele de 1983 até 1994,  nos discos também.  Sábia entrou nesse disco que vem do Festival, que teve o problema da vaia – no Maracanãzinho estava cheio de torcidas organizadas para vaiar qualquer música que não fosse de Vandré.

MaisPB – Como foi a temporada Danilo  Caymmi canta Jobim?

Danilo Caymmi – Foi incrível. Tem um detalhe primeiro o processo de gravação, a voz por causa da interpretação – voz e violão com Flávio Mendes dirigindo, depois colocamos os outros instrumentos. Eu gostei muito de fazer esse disco do mestre Jobim com selo da Universal.

MaisPB – O arranjador Flávio Mendes, é um craque, né?

Danilo Caymmi – É demais, conhece muito a música popular, ele tem canal no YouTube chamado Arranjo

MaisPB – “Pra Dizer a Adeus” gravada em sua voz, não nos remete para o canto Elis Regina ou quaisquer outros artistas…

Danilo Caymmi – Eu fico feliz por você pensar assim. Foi intensão do disco mesmo. Na hora da gravação o nível de concentração foi muito grande. Eu fiz seis vozes e isso é um mergulho nas canções  – como você está falando, alguns críticos entenderam  dessa maneira,  uma interpretação a minha maneira, do meu sentimento dentro de uma canção,

MaisPB – O álbum inteiro está assim,  uma música casa com a outra

Danilo Caymmi – Mais uma vez obrigado Kubitschek, você é um amigo da minha família, Dori tem um carinho muito grande por você.

MaisPB – O álbum está disparado nas plataformas e você já está fazendo shows

Danilo Caymmi – Já fiz um show em São Paulo e outro no Rio também nas casas Blue Note

MaisPB – A capa do disco é uma pintura sua?

Danilo Caymmi – É sim, como falei eu estudei arquitetura e herdei essa lado do meu pai, que pintava muito bem. Na pandemia eu pintava muita coisa.

MaisPB – Deixou o Rio, mesmo?

MaisPB – Eu estou morando em Curitiba.

MaisPB – Como pai e músico, como você ver o sucesso de sua filha Alice Caymmi?

Danilo Caymmi – Ah, é muito bom. Sempre acompanhei a carreira dela. Qualquer  dúvida trocamos figurinhas, como meu pai fez comigo, a gente é muito unido.

MaisPB ­ Ela tem uma presença de palco, né?

Danilo Caymmi – É porque uma das coisas que senti na minha profissão eu passei para ela. Ela fez um curso de artes cênicas – o primeiro da PUC, no Rio, isso tem um valor enorme, se eu tivesse tempo faria.

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