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Kubitschek Pinheiro – MaisPB
Fotos – Fernando Chagas
Já está nos quatro cantos o álbum ´Live in NYC´ de Hamilton de Holanda Trio lançado pela gravadora Sony Music, com o registro ao vivo do show em Nova Iorque. É uma névoa sonora. Essa é quarta vez que Hamilton conversa com o MaisPB.
Lá estão eles – Hamilton Holanda, Salomão Soares, Thiago Big Rabello, e Chris Potter, o saxofonista norte-americano de jazz, que se juntou ao Hamilton de Holanda Trio em três músicas nesse disco – ´Afro choro, Todo Dia é um Recomeço e Flying Chicken´ – isso é só o começo.
O registro aconteceu no Dizzy’s Club, uma das três casas situadas no complexo Jazz at Lincoln Center, em Nova York (EUA). Na verdade, foi um reencontro, já que Potter participou do álbum ´Maxixe samba groove´´ (2021), lançado há quatro anos por Hamilton de Holanda.
Na gravação, feita por Frango Kaos com produção executiva de Marcos Portinari, Hamilton de Holanda (bandolim de 10 cordas e voz), Salomão Soares (teclado moog) e Thiago Big Rabello (bateria) tocam temas como Saudades do Rio, Tamanduá, Vai firme, Deus é Amor Pra Tudo Que É Fé, Mantra da Criação e 01 Byte e 10 Cordas. A capa do álbum Hamilton de Holanda Trio – Live in NYC foi criada por Marcos Portinari com recursos de inteligência artificial. É ouvir, viajar e ouvir mais, muito mais.
MaisPB – Esse disco é bom demais, ao vivo, vamos começar por aqui. São novas essas canções?
Hamilton de Holanda – Algumas são, outras não. O disco é tudo de bom
MaisPB – ´Saudade do Rio´ é sua saudade e de muita gente, né?
Hamilton de Holanda –Essa música tem um significado muito forte pra mim, eu fiz ela aos poucos, entre o Rio e Brasília e fora do Brasil. Quando eu estava no Rio fazia com meus filhos no colo. É isso que significa essa canção, quando estou fora do Rio, estou com saudade dos meus filhos. Eu tenho essa coisa muito sentimental não só da cidade do Rio, mas dos meus filhos e minha mulher.
MaisPB – Tem uma coisa aí da Cidade Maravilhosa, né?
Hamilton de Holanda – Sim, eu amo o Rio, gosto de ir a praia, mas essa canção tem muitos de meus filhos. Quando eles eram pequenos e eu estava viajando numa turnê internacional, eu chorava sozinho com saudade deles. Essa música tem uma gratidão pela vida. Foi lançada em 2011 e foi gerida entre 2009/2010
MaisPB – Tem a dor e a esperança?
Hamilton de Holanda – Exatamente.
MaisPB – Eu pensei que a canção ´Deus E Amor para Tudo que Fé´ seria uma viagem, mas não, tem uma barulheira…
Hamilton de Holanda – Mas tem uma mensagem de tolerância, de aceitar as diferenças. Minha filha quando era pequena me perguntou: “papai, qual a nossa religião? Eu nem sabia o que responder – porque eu disse ela – o vovô Américo é católico, a vovó Eba, é da Igreja Batista, a outra vovó Mami é católica e o vovô Pepe é espírita. E ela disse – “estão, somos misturados” Dentro desta canção tem tudo, tem amor e o amor é tudo.
MaisPB – A música mais bonita desse disco é ´Mantra da Criação
Hamilton de Holanda – Eu sabia que você ia falar isso. Ela partiu do princípio do que eu preciso para compor uma música. Preciso de uma melodia simples e dois acordes. Mas no meio do caminho veio a ideia do público cantar comigo…
MaisPB – Ah! E tem um coral….
Hamilton de Holanda – É o público, foi na hora. Toquei quatro vezes a melodia, não falei nenhum fonema, nenhuma sílaba, só no bandolim e o público captou, aprendeu. A partir daí entra o bandolim sozinho e depois eles entram cantando. Fica o mistério, e a energia do público que aprendeu na hora e canta comigo. Isso foi muito bom.
MaisPB – Muito bom o Chris Potter saxofonista americano nesse disco, né?
Hamilton de Holanda – Lembra do do álbum Maxixe samba groove (2021), ele participou e depois desse disco, fizemos uma turnê aqui no Brasil. No ano passado, no bicentenário das relações diplomáticas Brasil e Estados Unidos, fizemos um show junto no Carnegie Hall em New York. Cada vez mais amigos, nos afinando mais. Já é um tipo um irmão da gente. Eu confio muito nele, admiro seu trabalho. Chris entra na música brasileira com muita facilidade. O fraseado dele característico do jazz, combina com nossa música.
MaisPB – “Sábado azul”, tem algo de Djavan?
Hamilton de Holanda – Exatamente essa canção lembra mesmo, a sua percepção é muito curiosa porque em Sábado azul´´ que você acha parecido com Djavan, na realidade eu acho ela parecida com o o pianista Herbie Hancock, que gravou uma música ´Cantolupe Island´ nesse ritmo. ( fala som Hamilton fazendo scat singing pelo telefone) Um grande pianista do jaaz Essa canção Cantolupe Island, que é a onda da música que o Djavan sofreu muita influência de verdade.
MaisPB – ´Vai firme´ tem um som eletrônico?
Hamilton de Holanda – Sim, tem um solo do alemão, que faz no teclado dele e que lembra o jazz fashion dos anos 70. João Donato também teve essa fase solo do tecladista.
MaisPB –A faixa 01 Byte 10 Cordas é bem movimentada. Falaí…
Hamilton de Holanda – Essa tem uma onda do Baden Powell, uma pegada que o Baden tinha no violão, e eu tento transpor para o bandolim.
MaisPB – Seria bom que você fizesse um disco com os afrossambas de Baden e Vinícius?
Hamilton de Holanda – Tá minha agenda Esse disco é uma dos que eu mais gosto na minha vida,
MaisPB – Ah, você está no Sambabook de Beth Carvalho…
Hamilton de Holanda – Sim, eu amo aquelas músicas da Beth, me lembram meu pai, e lembro da artista também – ela é muito importante pra mim, foi Beth quem me chamou pela primeira vez para gravar, me trouxe aqui para o Rio, e gravamos um disco em homenagem a Nelson Cavaquinho. Tenho uma gratidão pela memória de Beth Carvalho.
MaisPB – Quando você vem tocar em João Pessoa….
Hamilton de Holanda – Kubi, tem alguns lugares que eu não toquei ainda, são três lugares que estão me faltando: Tóquio, Havana e João Pessoa. Eu quero muito tocar aí, já toquei em Campina Grande, mas quero tocar aí
EM CAMPINA GRANDE - 21/05/2025