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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

O cio dos racistas range os dentes contra a humanidade

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publicado em 26/05/2023 às 07h00
atualizado em 25/05/2023 às 13h15

O cio do fascismo tem muitas entradas e saídas. Uma delas é o racismo. Muitos, inclusive os engomadinhos da boa educação, subestimam, passam pano, são cúmplices, mas já foi dito e redito:  não basta não ser racista; é preciso ser antirracista.

O que ocorreu (sempre) com Vinícius Júnior expõe as tripas racistas da Europa, envergonha o mais velho dos continentes, diz com todas as letras que as raízes mais covardes e desumanas daquele povo ainda crepita numa chama crescente sempre acesa e incendiada pela extrema direita que, ultimamente perdeu a vergonha em expor a ignóbil tara das suas vísceras podres.

Digo assim, mas na verdade não foi o ocorrido com o Vinícius Júnior quem pôs esse vexame global em evidência. Isso tem tempo, tem história, é recorrente, tem outras vítimas, muitas. Foi o próprio jogador, sua atitude, sua coragem, a última gota da paciência que explodiu em ira santa, assim como Rosa Parks, como Martin Luther King, como tantos anônimos que, vez ou outra, partem para cima do ódio e o escancara em toda a sua virulência.

Há também de se aplaudir a postura do governo brasileiro quando pôs suas instituições para repudiar com veemência o crime perpetrado, exigindo do governo espanhol as providências. Se a ocorrência tivesse sido quando o bolsonarismo ainda (des)governava o país, a extrema direita, essa que ainda alardeia suas injúrias no Congresso Nacional, diria que seria simples mimimi, esses covardes, afinal o Brasil também está cheio de racistas e fascistas.

Bravíssimo, Vinícius. O seu talento é reconhecido no planeta e a sua ousadia feita de ginga e de consciência de raça põe o preto como protagonista. A branquitude, aquela que ainda se sente diferente da humanidade pela cor da pele sobe as anáguas, se põe em cio, ataca, range os dentes, ousa humilhar, quer por medo, mas enquanto houver um garoto com os pés no chão e a cabeça na plenitude da razão, há de se encher um estádio de esperança e gol.

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